Rússia e Bielorrússia reforçam integração económica e relações militares
A Rússia e da Bielorrússia assinaram hoje em Minsk um conjunto de acordos destinados a promover a integração económica dos dois países no âmbito da União Estatal e desencadearam manobras militares conjuntas denunciadas em particular pela vizinha Polónia.
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Mundo Rússia e Bielorrússia
"Temos um objetivo comum, garantir o crescimento das nossas economias, aumentar o bem-estar dos cidadãos e conservarmos a soberania dos nossos países, independentemente da conjuntura externa", considerou o primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin no final da reunião do conselho de ministros bilateral e acompanhado pelo seu homólogo bielorrusso e anfitrião, Roman Golovchenko.
Desta forma, os dois chefes de Governo confirmaram o acordo político alcançado na noite de quinta-feira no Kremlin pelos presidentes russo, Vladimir Putin, e bielorrusso, Alexander Lukashenko.
"Os programas da União pretendem harmonizar as nossas políticas macroeconómicas, criar as condições para o apoio não apenas para as grandes mas também para as pequenas e médias empresas, e ainda a criação de novos postos de trabalho", sublinhou Mishustin.
Nas suas declarações, Golovchenko destacou a importância de garantir "um acesso sem entraves aos mercados", a segurança da produção e a cooperação energética e industrial.
Segundo o ministro da Economia, Maxim Reshétnikov, este acordo impulsionará em 1,5% o crescimento do produto interno bruto (PIB) da Bielorrússia.
Os 28 programas hoje aprovados incluem a criação de mercados únicos nas áreas financeira e energética, e a harmonização das legislações impositivas, aduaneiras e laborais, com o objetivo de construir um "espaço económico comum", esclareceu Putin.
Os dois países pretendem coordenar as suas políticas agrícola e industrial, mas de momento excluíram a criação de uma moeda única.
Os dois chefes de Governo também concordaram hoje em perspetivar os princípios de funcionamento e regularização do mercado único de gás antes de julho de 2022, para que entre em vigor em dezembro de 2023.
Lukashenko anunciou hoje que o Conselho Estatal Supremo da União Estatal deverá reunir-se em 04 de novembro, coincidindo com o dia da Unidade Popular, para a aprovação definitiva do acordo.
Em paralelo, os dois países desencadearam hoje importantes exercícios militares, denunciado em particular pela vizinha Polónia, num contexto de tensões entre a Rússia e o ocidente e com os dois campos a denunciaram a intensificação de manobras hostis.
Este exercício batizado "Zapad 2021" (Oeste-2021) decorre em nove bases militares russas, cinco estacionadas na Bielorrússia e uma no mar Báltico.
"Cerca de 200.000 militares, mais de 80 aviões e helicópteros, 760 veículos de guerra, incluindo mais de 290 tanques (...) e até 15 navios participam nos exercícios estratégicos", indicou o ministério da Defesa russo, que difundiu imagens da sua frota no mar Báltico.
No início de setembro, o Presidente polaco Andrzej Duda assinou um decreto sobre a introdução do estado de emergência durante 30 dias na fronteira com a Bielorrússia, na previsão destes exercícios militares e pelos receios de um fluxo massivo de refugiados.
Esta foi o primeiro estado de emergência declarado na Polónia desde a queda do regime pró-Moscovo em 1989.
Na quinta-feira, e durante a receção ao seu homólogo bielorrusso, o Presidente russo justificou os exercícios militares ao considerar que a NATO, seu adversário estratégico, estava deslocada na Europa de leste.
As manobras Zapad-2021 "não são dirigidas contra ninguém, mas têm lógica quando vemos outras alianças, em particular a NATO, a aumentar ativamente a sua presença militar nas fronteiras da União" russo-bielorrussa, disse.
"Não fazemos nada de excecional, apenas aquilo que já fazem os nossos adversários e concorrentes", considerou por sua vez Lukashenko.
Após as sanções aplicadas pelo ocidente a Minsk devido à repressão do movimento de contestação de 2020 e 2021, o Presidente bielorrusso iniciou uma acelerada reaproximação com Moscovo, apresentando o seu país como o último obstáculo face a uma eventual agressão da NATO à Rússia.
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