Segundo fonte do gabinete do primeiro-ministro, que confirmou à Lusa a deslocação a Lisboa, Ulisses Correia e Silva já tinha enviado na sexta-feira uma carta de condolências ao Governo português, manifestando "profundo pesar" pela morte de Jorge Sampaio.
Na missiva, o chefe do Governo de Cabo Verde recorda o antigo Presidente português como "um homem de princípios" e "uma figura incontornável da consolidação da democracia portuguesa".
"Reconhecido pelo seu percurso democrático e pela sua capacidade de luta contra a ditadura e de luta pelas causas da democracia, da defesa dos direitos humanos e na promoção da dignidade dos refugiados", destacou Ulisses Correia e Silva.
Também o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, enviou na sexta-feira uma mensagem de condolências ao homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmando que a morte do antigo Presidente português foi uma notícia que deixou "todos mais pobres".
"Jorge Sampaio foi um grande amigo de Cabo Verde e dos cabo-verdianos, desde a primeira hora, tendo visitado o nosso país por duas vezes, durante os seus dois mandatos, deslocando-se às ilhas do Fogo, São Vicente e Santo Antão, onde fez questão de ir conhecer Ponta do Sol e a enfermaria onde trabalhou o antigo Presidente de Angola, Agostinho Neto, no seu exílio em Cabo Verde", afirmou Jorge Carlos Fonseca, na mensagem.
Recordou Jorge Sampaio como "uma das figuras de proa da democracia portuguesa" e que pertenceu "a uma geração que fez da luta pela liberdade e da solidariedade pelos mais desfavorecidos o seu lema de vida".
"Destacou-se, igualmente, por promover o bom relacionamento com os países africanos de língua oficial portuguesa, sempre pronto para ouvir, compreender, procurando consensos e aconselhar", escreveu ainda o Presidente de Cabo Verde.
Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
O Governo português decretou três dias de luto nacional, entre hoje e segunda-feira, e cerimónias fúnebres de Estado.
Para hoje está previsto o velório, enquanto o funeral, com honras de Estado, se realiza no domingo, antecedido por uma homenagem no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Leia Também: Flores e homenagens. As imagens do 1.º dia das cerimónias de Sampaio