"Precisamos de ter a certeza de que tudo é abordado de maneira muito clara, de outra forma (...) não poderemos assumir a responsabilidade do aeroporto", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros qatari, Mohammed ben Abderrahman Al-Thani.
"Neste momento, o estatuto [da exploração do aeroporto por Doha] ainda está em negociação, porque nós precisamos de um acordo que seja claro para todos, para todas as partes", precisou.
Tal acordo permitirá definir "quem ficará encarregado do aspeto técnico, quem tomará a seu cargo os aspetos da segurança" ligados à exploração do aeroporto de Cabul, acrescentou o ministro.
"A possibilidade de cooperar com outros países existe, se necessário, mas por enquanto, esta discussão só decorre entre nós, a Turquia e os talibãs", sublinhou.
A capacidade dos talibãs para relançar o tráfego aéreo internacional em Cabul é vista como um teste ao seu regime, que está a consolidar o poder sobre o país desde a retirada dos militares norte-americanos no fim de agosto, após 20 anos de uma guerra desencadeada pelo facto de os talibãs, então no poder no Afeganistão, acolherem a organização terrorista Al-Qaida e o seu dirigente, Osama bin Laden, considerado o responsável máximo pelos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.
O Qatar ajudou os talibãs a voltar a pôr em funcionamento o aeroporto de Cabul: um avião que fazia o primeiro voo internacional de retirada de passageiros, não-comercial, descolou a 09 de setembro da capital afegã em direção a Doha, seguido de outro, no dia seguinte.
Aviões da companhia Qatar Airways efetuaram igualmente voos humanitários com destino a Cabul.
Na segunda-feira, um avião que fazia o primeiro voo comercial aterrou no aeroporto da cidade, procedente de Islamabad, Paquistão.
No fim de agosto, o aeroporto de Cabul foi palco de cenas de caos, com milhares de afegãos tentando desesperadamente subir a bordo de um dos aviões que faziam uma gigantesca ponte aérea organizada por vários países, para fugir do país após a chegada dos talibãs.
No total, mais de 123.000 pessoas, sobretudo afegãos, conseguiram ser retiradas do Afeganistão -- muitas delas aterraram em países do golfo pérsico, entre os quais o Qatar.
O Qatar tornou-se um ator incontornável na crise afegã, no papel de mediador influente, depois de ter sido o anfitrião, durante anos, de conversações entre os talibãs e os Estados Unidos.
No domingo, o chefe da diplomacia qatari foi o primeiro alto responsável estrangeiro a reunir-se com o novo Governo talibã. E na segunda-feira, apelou para a "reconciliação nacional" como "válvula de segurança" para a estabilidade do Afeganistão.
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