Sudão do Sul rejeita relatório da ONU sobre corrupção
O Governo do Sudão do Sul, afirmando-se vítima de "uma campanha internacional", rejeitou hoje um relatório da ONU que acusa a elite política do país de ter desviado dezenas de milhões de dólares de fundos públicos.
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Mundo Sudão do Sul
A Comissão dos Direitos Humanos da ONU no Sudão do Sul advertiu na semana passada de que este saque poderá fazer descarrilar um processo de paz já frágil no mais recente país do mundo, mergulhado numa crise económica e política crónica e com dificuldade em recuperar de uma guerra civil que fez quase 400.000 mortos e quatro milhões de deslocados entre 2013 e 2018.
Segundo a comissão, uma "espantosa quantidade" de dinheiro e de outros bens foi desviada dos cofres e dos recursos públicos: mais de 73 milhões de dólares (62 milhões de euros) desde 2018, quase 39 milhões de dólares (33 milhões de euros) dos quais foram roubados em menos de dois meses.
Este número representa apenas uma fração do saque total dos cofres do Estado, sublinha a ONU, indicando que o Presidente sul-sudanês, Salva Kiir, reconheceu que em 2012 as elites no poder tinham desviado mais de quatro mil milhões de dólares.
"Este saque continua também a alimentar a competição política dentro das elites e é um dos principais motores do conflito em curso, das atrocidades e crimes, comprometendo as perspetivas de uma paz duradoura", considera a comissão, num relatório apresentado no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
Juba reagiu hoje, afirmando o ministro da Presidência, Martin Elia Lomuro, que o relatório faz parte de "uma campanha internacional (...) contra este Governo".
"Essas organizações são subsidiadas para não ver a estabilidade política no Sudão do Sul e passam de um assunto para outro, dos direitos humanos à corrupção, da corrupção a outra coisa", declarou Lomuro, citado pela agência noticiosa francesa AFP.
"Este país é soberano (...) Se o Governo geriu mal alguma coisa, só o povo do Sudão do Sul pode pedir contas ao Governo, e não forças externas", acrescentou.
De acordo com a ONU, políticos, funcionários governamentais, multinacionais, militares e bancos estrangeiros estão envolvidos no saque dos recursos do Estado sul-sudanês.
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