Polícia que matou Sarah Everard condenado a prisão perpétua
Wayne Couzens, de 48 anos, foi condenado pelo rapto, violação e homicídio de Sarah Everard, em março deste ano. A sentença imposta é a mais dura prevista no sistema de justiça criminal britânico.
© JULIA QUENZLER
Mundo Sarah Everard
O antigo agente da polícia britânica que raptou, violou e matou Sarah Everard, em março deste ano, foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, em Inglaterra. Wayne Couzens, de 48 anos, um antigo agente da unidade responsável pela segurança de representações diplomáticas, já se tinha declarado culpado.
O juiz encarregue do caso, Adrian Fulford, sublinhou, ao ler a sentença no Tribunal Criminal de Old Bailey, em Londres, que o crime foi praticado "em circunstâncias brutais", com um "grau de preparação" notável e que, no dia 3 de março, Couzens saiu "à caça de uma mulher sozinha para raptar e violar."
A família já esta semana tinha afirmado que o homicida é "um monstro" e que Sarah "passou os últimos momentos na terra com o pior da humanidade."
O juiz sublinhou, ainda, que Couzens "corroeu a confiança que o público tem direito a ter nas forças policiais de Inglaterra e do País de Gales."
A sentença imposta é a mais dura prevista no sistema de justiça criminal britânico, destinada a punir aqueles que cometem os crimes mais graves. Uma pessoa condenada a tal pena não pode apresentar pedidos de liberdade condicional, a menos que tenha motivos humanitários excecionais para justificá-los.
Sarah Everard foi raptada na noite de 3 de março, quando se deslocava para casa depois de visitar um amigo, em Clapham, no sul de Londres. Sarah estava a caminhar sozinha à noite, numa altura em que estavam em vigor restrições relacionadas com a pandemia. Couzens aproveitou esse facto para, depois de ter saído do seu turno de 12 horas na embaixada norte-americana, parar a jovem mulher.
O antigo agente da Polícia Metropolitana algemou-a, sob o pretexto de uma operação de fiscalização da Covid-19, meteu-a no carro e levou-a para uma área isolada perto de Dover, em Kent, onde a violou e estrangulou com um cinto. Couzens ainda queimou o corpo da vítima.
O namorado foi quem deu o alerta às autoridades, no dia seguinte. O corpo de Sarah foi encontrado uma semana depois, num bosque na região de Kent, no sudeste do Reino Unido, região onde vive Couzens.
O seu desaparecimento e morte despertou uma enorme comoção no Reino Unido e relançou o debate sobre a segurança das mulheres no espaço público.
A comissária da Polícia Metropolitana de Londres, Cressida Dick, esteve presente no tribunal durante o julgamento, tendo a força policial emitido um comunicado manifestando o desgosto com o sucedido. "Estamos enojados, zangados e devastados pelos crimes deste homem que traem tudo o que defendemos", declarou.
Couzens já havia sido alvo em diversas ocasiões por denúncias de atentado ao pudor e existem inquéritos em curso sobre se a polícia encobriu alguns incidentes ou devia ter agido para identificar incidentes em fevereiro e 2015.
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