"Os jovens têm estado na vanguarda com propostas de soluções positivas para reclamar justiça climática e exigir responsabilidades aos dirigentes. Precisamos que os jovens, em todos os lugares, continuem a fazer ouvir as suas vozes", declarou António Guterres numa mensagem em vídeo, transmitida perante 400 jovens de diferentes partes do mundo, reunidos em Milão.
Guterres considerou que as vozes dos jovens são importantes "para que os países desenvolvidos respeitem a promessa de uma ajuda climática anual de cem mil milhões de dólares para o mundo em desenvolvimento", "para reduzirem as emissões e limitarem o aquecimento a +1,5°C" e para "se comprometerem com a neutralidade carbónica até meados do século".
"A vossa solidariedade e as vossas exigências para a ação dão o exemplo. Os dirigentes nacionais devem seguir o vosso exemplo e assegurar que atingimos os resultados que precisamos na COP 26 e depois", insistiu, a um mês da abertura desta crucial conferência do clima, em Glasgow.
Os 400 jovens, dos 15 aos 29 anos, oriundos de cerca de 200 países, devem apresentar hoje a sua visão comum da urgência climática e das ações prioritárias a dirigir aos ministros reunidos até sábado para preparar a COP26.
"A crise climática é um alerta vermelho para a humanidade", sublinhou António Guterres, repetindo as palavras que pronunciou durante a apresentação do mais recente relatório dos especialistas em clima da ONU (Giec), em agosto.
O Giec alertou, na ocasião, para o risco de se atingir a marca de +1,5°C de aquecimento por volta de 2030, 10 anos antes do estimado.
"Como é costume, os mais pobres e os mais vulneráveis são mais atingidos", frisou o líder da ONU.
"As possibilidades de agir para prevenir os piores impactos da crise climática vão-se reduzindo rapidamente. Sabemos o que devemos fazer e temos as ferramentas para o fazer", disse.
Segundo o Giec, para limitar o aquecimento a +1,5°C em relação à era pré-industrial, o objetivo mais ambicioso do acordo de Paris, é necessário reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 45% até 2030, face a 2010, além de prosseguir os esforços para atingir a neutralidade carbónica em 2050.
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