Sarah Everard. Polícia britânica muda, cidadãos podem questionar agentes
Sarah Everard morreu às mãos de um polícia à paisana, em março. Agora, agentes não serão mais destacados à paisana nem sozinhos, sendo as mulheres encorajadas a questionar os agentes, caso não se sintam seguras.
© Dan Kitwood/Getty Images
Mundo Sarah Everard
A polícia britânica anunciou, no âmbito do julgamento do caso Sarah Everard, mulher assassinada por um agente daquela força, que as pessoas que forem interpeladas por um polícia à paisana devem questionar a sua legitimidade. Se não se sentirem seguras, podem tentar "gritar", "correr" ou, até, tentar "fazer sinal a um autocarro".
Wayne Couzens, de 48 anos, antigo agente da polícia, foi na quinta-feira condenado a prisão perpétua pelo rapto, violação e homicídio de Sarah Everard, em março deste ano. A sentença imposta é a mais dura prevista no sistema de justiça criminal britânico.
A Polícia Metropolitana de Londres (ou Scotland Yard) anunciou, no mesmo dia, através de comunicado, que nunca mais destacará agentes à paisana e sozinhos, encorajando os cidadãos a questionar agentes que não se apresentem fardados.
Segundo indicação da polícia, é válido que questionem onde estão os colegas do agente em questão, se se apresentar sozinho, por que está ali ou por que razão foram interpelados.
Já anteriormente o vice-comissário Nick Ephgrave tinha dito que a força policial raramente recorria a patrulhas à paisana e que, caso recorresse, "quase sempre são destacados em pares ou em grupo".
No mesmo comunicado, a polícia anuncia que, se uma mulher não se sentir segura, deve considerar "gritar a um transeunte, correr para uma casa, bater numa porta, fazer sinal a um autocarro ou, se estiver na posição de o fazer, ligar para o 999 [número de emergência]."
As autoridades vão mais longe, encorajando as pessoas a pedirem para o agente se identificar junto do operador de rádio, ou, até, pedindo para falar com o operador de rádio.
Couzens já era alvo de denúncias, pede-se demissão de Comissária
"Todos os agentes irão, naturalmente, conhecer o caso [Sarah Everard] e estar preparados para uma interação do género - por mais rara que seja", pode ler-se no texto. "Estas são as devastadoras consequências das ações horríveis deste homem", acrescenta, referindo-se a Wayne Couzens.
Sublinhe-se que o antigo agente da Polícia Metropolitana algemou Sarah Everard, sob o pretexto de uma operação de fiscalização da Covid-19, meteu-a no carro e levou-a para uma área isolada perto de Dover, em Kent, onde a violou e estrangulou com um cinto. O corpo foi encontrado uma semana depois.
Existe considerável e crescente pressão no Reino Unido para a demissão da Comissária da Scotland Yard, Cressida Dick, por causa do caso, que relançou o debate sobre a segurança das mulheres no espaço público.
Couzens já havia sido alvo em diversas ocasiões por denúncias de atentado ao pudor e existem inquéritos em curso sobre se a polícia encobriu alguns incidentes ou devia ter agido para identificar incidentes em fevereiro e 2015.
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