Ex-número dois da Renamo aberto para trazer líder dissidente ao diálogo
O ex-número dois da Renamo e atual conselheiro de Estado, Raul Domingos, manifestou hoje a sua abertura para levar ao diálogo o líder dissidente do maior partido da oposição em Moçambique, responsável pelos ataques armados no centro do país.
© Lusa
Mundo Moçambique
"Eu já disse e hoje reitero que estou disponível para qualquer missão de paz, com todos os riscos que esta missão pode representar para a minha vida", disse Raul Domingos, o político que liderou a delegação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas negociações de paz que culminaram com a assinatura do histórico Acordo Geral de Paz, em 1992, em Roma.
Para o político, que foi expulso da Renamo na sequência de desentendimentos com o falecido líder do partido Afonso Dhlakama, Mariano Nhongo precisa de uma figura na qual possa confiar, garantindo a sua saída das matas para juntar-se ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), no âmbito dos entendimentos alcançados com o Governo em agosto de 2019.
"Não o conheci pessoalmente e acho que ele era muito jovem na altura. Em 1980 [quando Raul Domingos estava na Renamo], ele devia ter 14 anos de idade e não faço ideia dele. Mas acredito que ele me conhece", frisou Raul Domingos, considerado durante muitos anos o número dois da Renamo, antes de ser expulso do partido.
Depois da sua expulsão da Renamo, Raul Domingos fundou o Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), concorrendo em eleições gerais, mas nunca conseguiu que a sua nova organização elegesse deputados para a Assembleia da República, tendo sido, em abril deste ano, nomeado conselheiro de Estado pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
O grupo de Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da Renamo, discorda dos termos do processo de DDR decorrente do acordo de paz assinado em agosto de 2019 entre o Presidente moçambicano e o atual líder da Renamo, Ossufo Momade.
Aos antigos guerrilheiros, agora dissidentes do maior partido da oposição, é desde então atribuída a autoria de vários ataques armados contra alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança, matando cerca de 30 pessoas.
No âmbito do DDR decorrente do acordo de paz de agosto de 2019, 2.307 ex-combatentes da Renamo já foram para casa, de uma meta de cerca de cinco mil antigos guerrilheiros.
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