"O encarecimento dos preços da energia em Portugal - um dos países da União Europeia [UE] onde a energia é mais cara e onde 19% dos portugueses tinha em 2019 dificuldades em pagar a fatura da eletricidade - está relacionada com o processo de liberalizações, privatizações e desregulações levado a cabo por sucessivos governos do PS, PSD e CDS, implementando as políticas europeias para o setor", critica a eurodeputada comunista Sandra Pereira.
Em declarações à agência Lusa no dia em que a escalada dos preços da eletricidade devido aos aumentos globais no gás esteve em debate sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo, a responsável assinalou que "os resultados [da privatização de empresas com a EDP e a REN] estão à vista".
"Aumento dos preços, degradação do serviço, défice energético, redução de direitos laborais, tudo em nome dos lucros crescentes dos grupos monopolistas que dominam o setor", elencou a eleita do PCP, nestas declarações por não ter tido oportunidade de intervir no debate no hemiciclo.
Para Sandra Pereira, "recuperar o controlo público deste setor estratégico, determinante para a independência e soberania do país, é fundamental para garantir um adequado fornecimento e acessibilidade energética, colocando em primeiro lugar os interesses do povo e do país".
O assunto esteve hoje em debate na sessão plenária da assembleia europeia.
No arranque da discussão, a comissária europeia da Energia, Kadri Simson, defendeu que, como resposta à "crise inesperada" do setor energético, os Estados-membros da UE devem aliviar temporariamente impostos às famílias e financiar pequenas empresas, anunciando ainda uma reforma do mercado do gás.
A subida dos preços ameaça exacerbar a pobreza energética na UE, nomeadamente numa altura em que os cidadãos ainda recuperam da crise da covid-19 e que poderão ter dificuldades em pagar as suas contas de aquecimento no outono e no inverno.
Na próxima semana, a Comissão Europeia vai emitir diretrizes para ajudar os Estados-membros a lidar com a atual crise do setor energético, dentro do âmbito dos atuais regulamentos da UE, propondo medidas para os países adotarem ao nível nacional.
Já em dezembro, o executivo comunitário apresentará um pacote de iniciativas sobre o setor energético.
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