Revelados mais de 150 nomes de nazis envolvidos no massacre de Babi Yar
Um centro memorial do Holocausto na Ucrânia revelou quarta-feira os nomes de 159 militares da tropa de elite do regime alemão Nazi que há oito décadas participaram no massacre de Babi Yar, matando quase 34 mil judeus em Kiev.
© Reuters
Mundo Babi Yar
O massacre de Babi Yar é considerado um dos mais abjetos ataques nazis durante a Segunda Guerra Mundial.
Perto de 34 mil judeus foram mortos em 48 horas em Babi Yar, uma ravina na capital ucraniana, quando a cidade estava ocupada pelos nazis em 1941.
"Babi Yar é a maior vala comum do Holocausto... a vala comum mais rapidamente preenchida", disse o presidente do conselho de supervisão do centro memorial do Holocausto local, Natan Sharansky.
Os presidentes Volodymyr Zelenskyy (Ucrânia), Isaac Herzog (Israel) e Frank-Walter Steinmeier (Alemanha) participaram hoje numa cerimónia em Kiev para lembrar as vítimas do massacre.
"É difícil respirar neste lugar -- milhares de crianças deram o seu último suspiro aqui. É difícil ficar aqui -- milhares de balas derrubaram pessoas aqui, em Babi Yar. A terra tremia com as convulsões das pessoas que ainda vivas tentavam sair", lembrou Volodymyr Zelenskyy.
Isaac Herzog começou o seu discurso com uma oração, dizendo que "há 80 anos não havia ninguém [em Babi Yar] para rezar".
O Presidente de Israel pediu o combate ao antissemitismo, acrescentando que "as pessoas não devem esquecer a que catástrofe o silêncio pode levar".
"Para nós, alemães, só pode haver uma resposta: nunca mais", exclamou Frank-Walter Steinmeier.
Os chefes de Estado também inauguraram um centro memorial, ainda em construção, dedicado às histórias de judeus do Leste da Europa que foram mortos e enterrados em valas comuns durante o Holocausto.
Dos 2,5 milhões de judeus naquela região, 1,5 milhões morreram na Ucrânia.
Hoje, o Centro Memorial do Holocausto de Babi Yar revelou os primeiros 159 nomes dos centenas de militares nazis que participaram no massacre na histórica ravina de Kiev em 29 e 30 de setembro de 1941, quando 33.771 judeus foram assassinados.
"Apesar das confissões, evidências e testemunho apresentados ainda na década de 1960 por alguns militares nazis que realizaram os assassínios, apenas alguns foram julgados pelos seus crimes hediondos", indicou a entidade.
De acordo com o centro memorial do Holocausto, os militares tinham idades compreendidas "entre os 20 e 60 anos" e "a maioria voltou a viver uma vida normal após a guerra".
O padre Patrick Desbois, chefe do conselho académico do centro, disse que os 159 militares nazis agora conhecidos eram "atiradores, outros retiraram os judeus das suas casas, outros levaram os seus pertences, outros recarregavam as armas, enquanto outros serviam sandes, chá e vodkas aos artilheiros".
"Todos são culpados", acusou Patrick Desbois.
Volodymyr Zelenskyy, Isaac Herzog e Frank-Walter Steinmeier assitiram à inauguração de um novo centro -- o "Cristal Crying Wall", criado pela artista sérvia Marina Abramovic.
"Vamos mostra os rostos reais do Holocausto, sejam os das vítimas, dos executores ou daqueles que ajudaram a salvar os judeus", disse à agência de notícias AP Natan Sharansky.
Natan Sharansky atentou ainda que, embora alguns ucranianos colaborassem com os nazis, pelo menos 2.600 famílias ucranianas esconderam judeus, arriscando as suas próprias vidas.
"[...] Vamos recuperar os nomes das vítimas, e estamos a recuperar cada vez mais os seus nomes, os dos que estavam a salvar os judeus e os dos colaboradores", acrescentou.
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