África "é crucial" para transição mundial para economia verde e digital
O presidente do Fórum Euro-África, Durão Barroso, defendeu hoje que o continente africano é crucial para o sucesso da transição mundial para uma economia verde e digital, lembrando que este objetivo é uma prioridade da União Europeia.
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Mundo Durão Barroso
"A relação [da Europa] com África é crucial para desafios globais, porque África vai ser um fator-chave para o sucesso ou insucesso das transições para uma economia verde e digital", afirmou José Manuel Durão Barroso, no final do fórum que decorre desde quinta-feira em Carcavelos, Lisboa.
"É impossível ter sucesso" nessa transição sem África, considerou Durão Barroso, sublinhando que o continente tem hoje uma população aproximada de 1,3 mil milhões de pessoas, mas é esperado que chegue aos 2,5 mil milhões de habitantes em 2050.
Segundo o presidente do fórum, os dois continentes -- Europa e África -- têm uma ligação muito especial, não só "por serem vizinhos, terem uma proximidade cultural e histórica e serem parceiros naturais", mas também pelo impacto mútuo que têm os acontecimentos.
"A queda da economia na Europa teve efeitos imediatos do outro lado do Mediterrâneo e sabemos, por experiência, que a instabilidade do outro lado - na Líbia, no Sahel ou no corno de África - tem impacto direto na Europa, do ponto de vista da segurança, da migração ilegal ou dos refugiados", referiu.
Todas estas conexões levaram a União Europeia a querer "posicionar-se como parceiro privilegiado do continente [africano] e melhorar a relação", disse Durão Barroso.
Segundo lembrou o também ex-presidente da Comissão Europeia, a União Europeia apresentou, em março de 2020, uma proposta para cooperação com África, com várias prioridades, como a transição para uma economia verde, o acesso a energia ou a facilitação da mobilidade.
A ideia da União Europeia é melhorar a relação e posicionar-se como um parceiro privilegiado do continente [africano]", mas também "acabar com a relação de doador/recetor", defendeu o presidente do Fórum.
Embora admita que continua a haver necessidade de ajudar, sobretudo do ponto de vista humanitário, "essa não deve ser a perspetiva central", considerou, acrescentado que o diálogo também não pode acontecer apenas entre a União Europeia e a União Africana.
"Deve incluir também 'players' regionais, o setor privado, a sociedade civil... e devemos, claro, melhorar a relação a um nível multilateral", afirmou.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, elogiou a relação entre os dois continentes na sua intervenção no fórum, sublinhando que as regiões são sobretudo complementares
"A Europa e África são continentes gémeos, é muito importante a proximidade e até cumplicidade dos dois continentes", afirmou.
"Mas, se olharmos para a demografia, se olharmos para a economia, para os recursos humanos, para o capital e potencial de investimento, para os quadros institucionais é muito fácil perceber a complementaridade", defendeu Santos Silva, acrescentando que "o que faz falta num continente, o outro continente tem e pode fornecer".
Por isso, considerou "é preciso cooperação recíproca, uma interação que pode ter benefícios mútuos e pode ser produtiva".
Santos Silva adiantou ainda que os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus e africanos vão reunir-se na próxima terça-feira em Kigali, capital do Ruanda, para preparar "cuidadosamente e de forma muito intensa e concreta" a próxima cimeira entre os dois continentes, a realizar em fevereiro.
Organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, o Fórum Euro-África reuniu personalidades dos setores público e privado, sociedade civil, empresários, ativistas e cientistas, para debater os desafios comuns dos dois continentes na era pós-covid.
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