Num estudo publicado hoje no boletim científico Nature Sustainability e intitulado "Conciliar bem-estar e resiliência para o desenvolvimento sustentável", cientistas das universidades de Exeter e de Lancaster alertam para o risco de uma "visão simplista".
"O bem-estar e a resiliência estão fortemente presentes nas metas políticas, especialmente aquelas relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Presumir que as duas coisas vão juntas automaticamente não ajuda. Quando esse erro é cometido, geralmente são as pessoas mais pobres e marginalizadas que sofrem", afirmou Nathanial Matthews, um dos co-autores e presidente executivo da Global Resilience Partnership.
Por exemplo, após o tsunami de 2004, uma nova legislação na Índia e no Sri Lanka impediu que casas e empresas fossem reconstruídas perto da costa, a fim de criar zonas de segurança e aumentar a resiliência contra futuros tsunamis.
"Isso forçou as pessoas que dependiam do mar por razões económicas, culturais e sociais a mudarem-se para vilas isoladas no interior, prejudicando o bem-estar de diversas maneiras", referiu Tomas Chaigneau, do Instituto de Meio Ambiente e Sustentabilidade da universidade de Exeter, na Cornualha.
Os responsáveis pelo estudo, que inclui também a universidade de Northumbria e o Stockholm Resilience Centre, criaram uma página eletrónica (www.navigating-complexity.com/) onde dão mais exemplos dos compromissos e consequências das decisões tomadas em países como Bolívia, Ruanda ou Bangladesh.
"Se quisermos construir resiliência a longo prazo, ao mesmo tempo em que abordamos os desafios ambientais contemporâneos, é vital prestar atenção a uma visão inclusiva do bem-estar humano", resume a professora Christina Hicks, de Lancaster University.
O alerta, dizem os investigadores, pretende ser um contributo para o debate global sobre alterações climáticas que irá decorrer entre 01 de 12 de novembro em Glasgow na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26)
Leia Também: Bruxelas pede redução de emissões de gases poluentes ainda esta década