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COP26: Inuit alertam para impacto para quem vive no Ártico

Ativistas Inuit, o povo indígena que habita o Ártico, alertaram hoje em Glasgow, para o impacto que as alterações climáticas já estão a ter nas suas localidades e modo de vida.

COP26: Inuit alertam para impacto para quem vive no Ártico
Notícias ao Minuto

23:28 - 03/11/21 por Lusa

Mundo Clima

Parte de uma família bastante envolvida na caça e pesca de subsistência, Victoria Qutuuq Buschman, atualmente bióloga, disse que as alterações climáticas já estão a afetar o número e os locais onde encontravam os animais. 

"O nosso conhecimento, que nos diz onde as espécies devem estar, em que época do ano, pode ser desafiado, e às vezes saímos e gastamos muito mais esforço a procurar renas, focas ou morsas", afirmou, durante um evento na 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26).

Também originária do Alaska, Adelaide Ahmasuk, assistente social, enfatizou que, mais do que a erosão do gelo e da orla costeira, as alterações climáticas estão a afetar a organização social e económica das comunidades Inuit. 

"Muitas vezes vê-se a imagem de um urso polar com fome como um símbolo, mas nós também somos muito afetados pelas alterações climáticas todos os dias", afirmou.

Os Inuit são um povo com cerca de 160.000 pessoas distribuídos por comunidades no Alaska (Estados Unidos), Canadá, Gronelândia e Chukotka, na Rússia. 

A ONU considera o Ártico circumpolar como o "barómetro" das alterações climáticas pois é naquela região que se pode observar o impacto aquecimento global.

Os ativistas relataram situações de comunidades em risco de terem de se deslocalizar devido à insegurança alimentar e também devido ao perigo que as suas habitações correm. 

Victoria Qutuuq Buschman reconheceu que muitos programas ambientais e de proteção animal não percebem o modo de vida dos Inuit.

"Muitas das nossas comunidades e crianças dependem muito de fontes tradicionais de alimentos, temos sido sustentáveis a caçar e a pescar essas fontes de alimento há milhares de anos. As alterações climáticas ameaçam isso", lamentou.

O evento decorreu na chamada "Zona Verde", localizada no Centro de Ciência de Glasgow e que funciona como uma plataforma aberta ao público em geral para eventos, exposições, 'workshops' e palestras e filmes que promovam a consciencialização ambiental. 

Os trabalhos e negociações entre os quase 200 países que participam na COP26 decorrem na "Zona Azul", gerida pela ONU, e que só é acessível a pessoas credenciadas.

A 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) pretende atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

Leia Também: Missão no Ártico. "Problema é que urgência só será percebida em 30 anos"

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