Moçambique. Oposição pede fiscalização à ajuda internacional
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, desafiou hoje a comunidade internacional a seguir a ajuda humanitária entregue ao país, porque os seus membros são preteridos em relação ao partido no poder.
© Lusa
Mundo Moçambique
"Queremos fazer um desafio à comunidade internacional: para que a partir de hoje passem a fiscalizar a utilização dos apoios que têm estado a dar em nome de calamidades ou outros [desastres] à população de Moçambique", referiu o secretário-geral do partido, André Magibire.
"Na verdade, nem todos beneficiam, só um punhado de pessoas que se identifica com o partido no poder", a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), acrescentou.
O dirigente falava em conferência de imprensa, na cidade da Beira, depois de uma visita de trabalho a diversas comunidades no centro de Moçambique.
Como exemplo, referiu que em Bandua, distrito de Buzi, província de Sofala, um total de 700 famílias candidataram-se a apoios para mitigar os efeitos do ciclone Idai, ocorrido em 2019, mas "apenas 300" ligadas a membros do partido no poder "beneficiaram dos apoios".
Na hora da distribuição a nível local, "os membros da Renamo não beneficiam de projetos sociais" nem de "produtos alimentares doados por organizações não-governamentais", descreveu.
Além de serem discriminados, os membros da Renamo continuam a ser perseguidos, denunciou Magibire, referindo os casos de delegados locais que tiveram de fugir de casa após ameaças de violência.
"Os delegados de Nhamitsinda e Estaquinha encontravam-se em locais incertos. O delegado de Gruja só apareceu depois de o comandante local ter garantido a segurança de todos, inclusive de membros da Renamo", referiu.
"Constatamos que prevalecem intimidações e perseguições a membros e simpatizantes da Renamo", com a "cumplicidade das estruturas administrativas locais", sublinhou.
Os casos de violência política são ciclicamente denunciados pela Renamo, em especial no centro do país.
Além das situações referidas há as de "muitos outros" delegados e membros do principal partido da oposição que "dormem no mato, por temerem perseguições e sequestros que têm sido protagonizados por esses grupos".
A descrição de atritos prevalece, dois anos após a assinatura de um acordo de paz entre o Governo moçambicano e a Renamo, que prevê o desarmamento e reintegração social dos guerrilheiros da oposição.
Cerca de metade dos 5.200 elementos do antigo braço armado do partido já se inscreveram no processo de desmobilização, mas a fixação das respetivas pensões vitalícias por parte do Estado moçambicano está atrasada, referiu hoje André Magibire, fazendo eco das queixas que disse ouvir na região.
"Temos estado dia após dia a tratar deste assunto junto das autoridades e esperamos que a breve trecho a situação seja ultrapassada", concluiu.
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