Presidente da Fed admite que perspectiva sobre inflação continua incerta
O presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, reconheceu hoje que a perspetiva para a inflação continua muito incerta, o que reduz a capacidade do banco central dos EUA na definição de políticas adequadas.
© Reuters
Mundo Jerome Powell
As declarações de Powell foram feitas em conferência de imprensa posterior à reunião de dois dias do comité de política monetária da Fed (FOMC, na sigla em Inglês).
Sugeriu que o ritmo de crescimento dos preços pode diminuir no próximo ano, à medida que os estrangulamentos na cadeia logística forem resolvidos, mas avançou que a Fed não tem a certeza de que isso vá ocorrer.
"Já é suficientemente difícil fazer projeções em tempo normal. (Mas) quando se fala em perturbações nas cadeias de aprovisionamento mundiais, é algo totalmente diferente", comparou. "Nós não tínhamos muita experiência" com este género de disfuncionamento antes da pandemia, acentuou.
Na sua declaração, a Fed alterou ligeiramente a sua linguagem sobre a inflação, no sentido de reconhecer que o risco de permanecer elevada pode durar mais do que pensado.
Até então, o discurso era o de a inflação ser "elevada, mas devido em muito a fatores transitórios", como a escassez de abastecimentos, em resultado da rápida recuperação económica da recessão causada pela pandemia.
Agora, passou a dizer que a inflação elevada reflete "fatores que se esperam sejam transitórios".
Esta mudança reflete alterações recentes nas declarações públicas de Powell, nas quais, reconheceu que a inflação manteve-se elevada durante mais tempo do que se esperava e que se mantêm os riscos de assim continuar.
Ao mesmo tempo, o último comunicado da Fed sugere que os dirigentes do banco central continuam a considerar a escassez de materiais e trabalho os principais fatores da subida dos preços, o que esperam se atenue com a passagem do tempo.
Na sua conferência de imprensa, Powell sugeriu que a Fed se sente menos segura quanto à atribuição da subida dos preços a fatores de curto prazo. Entre as incertezas que complicaram a análise da inflação, disse, está saber até que ponto a pandemia do novo coronavirus pode afetar a economia nos próximos meses.
A economia tem recuperado consistentemente da recessão causada pela pandemia, até que o crescimento e o emprego tremeram no terceiro trimestre do ano, devido em parte ao aumento de casos da variante delta, que desencorajou as pessoas de viajar, fazer compras e comer fora.
Muitos economistas esperam que o avanço da vacinação e o recuo da variante delta permitam que o emprego recupere em outubro do ritmo fraco que apresentou em setembro. Os números de outubro vão ser conhecidos na sexta-feira.
Na semana passada, o governo reportou um aumento em setembro homólogo de 4,4%, o mais forte desde 1991.
Apesar de a inflação estar elevada, o mercado de trabalho não regressou à sua força anterior.
A taxa de desemprego era de 4,8% em setembro, acima dos 3,5% que tinha antes da pandemia. E as pessoas com emprego são menos cinco milhões do que antes da pandemia.
Isto coloca os dirigentes da Fed, desde logo Powell, perante um dilema: por um lado, manter a taxa de referência próxima de zero, onde está desde março, para estimular a economia e encorajar o emprego; por outro, controlar o aumento dos preços, que está a anular muitos dos ganhos resultantes dos recentes aumentos salariais.
A reunião da FOMC realizou-se com o futuro de Powell à frente da Fed incerto. O presidente Joe Biden tem de decidir se volta a nomear Powell para outro mandato de quatro anos, ou não.
O mandato de Powell acaba no início de fevereiro, mas anteriores decisões similares foram tomadas no final do verão ou início do outono.
O FOMC decidiu hoje reduzir o seu programa de compra mensal de 80 mil milhões de dólares de títulos de dívida pública, em 10 mil milhões por mês a partir de novembro, e o de aquisição de 40 mil milhões de dólares de obrigações garantidas com colateral em cinco mil milhões a partir de dezembro.
Se o ritmo de mantiver, este programa acaba em junho de 2022.
Então, a Fed pode decidir subir a taxa de referência, que serve de orientação para o crédito ao consumo e às empresas.
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