Rumores de infertilidade dificultam vacinação de mulheres guineenses
O Alto Comissariado para a Covid-19 da Guiné-Bissau lançou hoje uma campanha de vacinação direcionada às mulheres guineenses, que representam apenas 39% das pessoas vacinadas, por questões laborais e rumores de que o imunizante provoca infertilidade.
© Lusa
Mundo Covid-19
"É importante analisar aquilo que os dados nos dizem e o facto de só 39% das pessoas vacinadas serem mulheres quer dizer muita coisa. Penso que uma grande parte do problema esteja relacionada com a questão da fertilidade", afirmou Magda Robalo, alta comissária para a covid-19.
A médica guineense falava na cerimónia de lançamento da campanha, que decorreu hoje no Centro Cultural Português, em Bissau.
"Essa preocupação com a fertilidade está também relacionada com o estatuto da mulher na sociedade, com o relacionamento com o marido, com os pais. Uma mulher que não possa ter filhos. Sabemos o que isso representa na nossa sociedade", salientou Magda Robalo.
A alta comissária indiciou as questões laborais como outra razão para as mulheres não se estarem a vacinar.
"É preciso uma abordagem diferente para se poder chegar às mulheres e convencer os homens a sensibilizar as mulheres para que se possam vacinar. Muitas decisões tomadas pelas mulheres, nomeadamente em relação à sua saúde, dependem dos seus maridos em casa", disse.
"Não podemos imaginar uma quarta vaga onde as mulheres seriam mais atingidas que os homens, porque são elas que cuidam das famílias, Seria inimaginável, seria ainda mais difícil, que tivéssemos uma vaga que atingisse mais mulheres e que fosse mais mortífera para as mulheres", acrescentou.
A campanha lançada, que conta com o apoio financeiro de Portugal e do Fundo das Nações Unidas para a População, prevê aumentar em 10% o número de mulheres vacinadas até dezembro.
Segundo os últimos dados sobre a vacinação divulgados, 15,5% da população, ou 106.085, com 18 anos ou mais de idade já está totalmente vacinada contra a covid-19.
O embaixador de Portugal, José Velez Caroço, lembrou que Portugal tem estado desde o início da pandemia ao lado do Alto Comissariado e do Ministério da Saúde a dar toda a ajuda.
"Existem como sempre necessidades de aperfeiçoar e melhorar e é a razão de ser deste projeto, porque se constata que há um resultado menos positivo em relação à vacinação das mulheres, que são mais de metade da população. Daí a necessidade desta campanha e de bem elucidar", afirmou o embaixador.
A Guiné-Bissau regista um acumulado de 6.149 casos e 143 óbitos desde o início da pandemia.
A covid-19 provocou pelo menos 5.028.536 mortes em todo o mundo, entre mais de 248,54 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
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