Patrick Muyaya, ministro da Comunicação e Media, disse à imprensa belga, citada pela agência AFP, que a ação dos homens armados, que não identificou, provocou ainda a fuga de cerca de mil pessoas para o vizinho Uganda.
"Várias posições das Forças Armadas da República Democrática do Congo (RDCongo) foram atacadas durante a noite de domingo para segunda-feira numa zona estratégica da fronteira com o Uganda", afirmou o governante.
Aimé Mukanda Mbusa, líder comunitário na região de Rutshuru, território alvo dos ataques e que dista 80 quilómetros da capital provincial, Goma, disse à agência EFE ser difícil identificar os atacantes, mas acrescentou que alguns habitantes disseram ter visto o antigo comandante do M23, Sultani Makenga, em Chanzu, uma das quatro localidades atacadas.
As outras três localidades são Ndiza, Runyonyi e Chinyangurube.
O M23, formado maioritariamente por antigos militares governamentais que desertaram em protesto contra o Governo central, em Kinshasa, começou as ações armadas no início de 2012.
Os seus avanços foram rápidos e em novembro de 2012 ocuparam Goma, cidade com cerca de 700 mil habitantes, durante duas semanas.
A ONU acusou então o M23 de receber apoio económico e assistência militar do Ruanda, designadamente de receber ordens diretas de oficiais do Exército ruandês.
Consequentemente, os Estados Unidos e o Reino Unido congelaram durante vários meses as suas ajudas financeiras e programas de cooperação com o Ruanda, apesar de o Presidente deste país, Paul Kagamé, ter negado qualquer relação com o M23.
A pressão diplomática levou o M23 a retirar-se de Goma e a iniciar conversações com o Governo da RDCongo.
Em 2017, alguns combatentes do M23 lamentaram a lenta aplicação dos acordos saídos das negociações e organizaram vários ataques perto da fronteira com o Uganda.
O leste da RDCongo é cenário há mais de 20 anos de um conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques do exército governamental, apesar da presença da missão de paz da ONU (MONUSCO), que mantém cerca de 14 mil "capacetes azuis" na região.
A falta de alternativas e garantias de estabilidade e subsistência levaram milhares de cidadãos da RDCongo a pegar em armas e, segundo a ferramenta de acompanhamento da segurança Kivu Security Tracker, a região é agora campo de batalha de pelo menos 122 grupos rebeldes.
As províncias de Kivu Norte e a vizinha Ituri encontram-se sob estado de sítio e administração militar desde maio deste ano como resposta à violência crescente no leste do país.
Em finais de outubro, o projeto de investigação independente Congo Research Group advertiu que desde então mais de mil civis foram assassinados nessas duas províncias.
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