Deputado na origem do #Metoo tunisino condenado a um ano de prisão
Um deputado tunisino, acusado de assediar sexualmente uma estudante e cujas ações desencadearam um #Metoo tunisiano nas redes sociais, foi condenado hoje a um ano de prisão, indicou o advogado da vítima.
© Reuters
Mundo Tunísia
Zouhair Makhlouf, independente, foi fotografado por um outro estudante em outubro de 2019 em Nabeul, no centro leste da Tunísia, a masturbar-se no carro ao lado de uma jovem estudante do ensino médio que, mais tarde, o acusou de assédio.
Segundo o aluno que, depois, publicou as fotografias nas redes sociais, Makhlouf, depois de consumada a masturbação, acompanhou a jovem no caminho para a escola.
O deputado, que as imagens mostram com uma 't-shirt' do partido a que pertencia na altura, o Qalb Tounès, as calças para baixo e o olhar virado para a jovem, sustentou que, por ser diabético, teve urgência em urinar para dentro de uma garrafa.
O tribunal de Nabeul, perante o qual foi julgado, condenou-o à prisão por "assédio sexual" e "indignação pública" e emitiu um mandado de prisão, afirmou o advogado da jovem, Naïma Chabbouh, à agência noticiosa France-Presse (AFP).
A divulgação viral das imagens desencadeou uma onda inédita de depoimentos de vítimas de assédio e agressão sexual nas redes sociais, com a 'hashtag' #EnaZeda (#Eutambém), numa alusão ao movimento #Metoo desencadeado nos Estados Unidos em 2017 pelo "Caso Harvey Weinstein".
Em meados de outubro de 2019, um mês após a abertura de uma investigação, dezenas de mulheres tunisinas manifestaram-se em Tunes para protestar contra a presença de Makhlouf na primeira sessão do recém-eleito Parlamento.
Em outubro de 2020, várias organizações não-governamentais (ONG) tunisinas enviaram uma carta ao Conselho Superior de Magistrados do país a expressar preocupação em relação às "numerosas violações aos procedimentos legais" que visam proteger os deputados de processos judiciais.
Entre elas, realçaram as ONG, está a duração da investigação, que excede em grande parte os nove meses.
No início do julgamento em Nabeul, no passado dia 01, várias dezenas de mulheres manifestaram-se na cidade, entoando palavras de ordem como "o meu corpo não é um espaço público" ou "não ao exibicionismo à frente dos alunos".
A Tunísia é considerada uma das pioneiras dos direitos das mulheres no mundo árabe e muçulmano, mas são raras as vítimas que apresentam queixa apesar da agressão sexual ser punível por lei.
Desde julho de 2017, o assédio sexual em locais públicos é punível com um ano de prisão.
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