Líder da junta militar nega crise e afasta intervenção da CEDEAO
O líder da junta militar no poder na Guiné-Conacri, Mamady Doumbouya, negou que haja uma crise no país, que assegurou ser capaz de "resolver os seus problemas" sozinho, sem intervenção da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
© Lusa
Mundo Guiné-Conacri
Numa entrevista divulgada no domingo à noite pela televisão nacional, Doumbouya, que se proclamou Presidente de transição em 01 de outubro, um mês após derrubar o Presidente Alpha Condé num golpe de Estado, evitou pronunciar-se sobre quanto tempo será necessário até que os civis possam regressar ao poder e defendeu-se das acusações de que está a levar a cabo uma "purga" nos serviços do Estado.
A CEDEAO, confrontada com um terceiro golpe de Estado num ano, após o golpe no Mali, suspendeu a Guiné-Conacri das suas instituições e sancionou individualmente os membros da junta.
A organização internacional exige a realização de eleições num prazo máximo de seis meses, assim como a libertação do ex-presidente, detido num lugar secreto.
Na sua primeira entrevista longa com um órgão de comunicação social, Doumbouya exprime a sua oposição à recente nomeação de um enviado especial da CEDEAO para o seu país, bem como ao prazo estabelecido pela organização.
"Penso que somos suficientemente inteligentes para resolvermos os nossos problemas entre nós. Não é um país que esteja em crise, é um país que está na fase de tomar o destino nas suas próprias mãos (...). Queremos simplesmente resolver os nossos problemas internamente", disse.
Desde o golpe de Estado de agosto de 2020 no Mali, a CEDEAO sancionou o país e os seus dirigentes, forçando-os a aceitar uma transição limitada a 18 meses e nomeando um mediador.
No entanto, a junta maliana anunciou recentemente que não respeitará o prazo para as eleições até fevereiro de 2022.
A CEDEAO endureceu o tom contra a junta maliana, numa cimeira a 07 de novembro, e reconheceu avanços em Conacri, nomeadamente com a formação de um Governo.
Na entrevista agora divulgada Doumbouya pede que se "evitem comparações" entre os dois países: "Não há crise na Guiné. Querer dar sempre o mesmo remédio a duas doenças ou três doenças diferentes, penso que não é adequado".
Segundo o líder da junta guineense, a duração da transição será decidida pelo "Conselho nacional de transição", que deverá assumir o papel de órgão legislativo.
Quanto ao ex-presidente Condé, Doumbouya prometeu "um tratamento digno".
"A sua integridade física e moral está protegida", disse, incluindo-o entre os "pais fundadores" da Guiné Conacri.
Admitiu que Condé venha a ter de prestar contas, mas a decisão será do Ministério da Justiça, e deixou um aviso aos antigos partidários de Condé, aos antigos "barões" do regime, e aos que tentem perturbar o que apelidou de esforços de mobilização.
"Não deixaremos passar nenhuma, sublinho nenhuma, atitude que vise perturbar este ambiente", reiterou.
Quanto à recente reforma de centenas de militares e polícias, Doumbouya disse não se tratar de uma purga: "Pelo contrário, é a reorganização da força de trabalho dos órgãos públicos, militares e paramilitares".
O coronel Doumbouya derrubou o antigo Presidente Alpha Condé num golpe de Estado em 05 de setembro e foi depois empossado como presidente por um período de transição indefinido naquele país da África Ocidental, que faz fronteira com a Guiné-Bissau.
Em 06 de outubro nomeou como primeiro-ministro de transição Mohamed Béavogui.
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