A agência da ONU emitiu hoje conselhos aos países sobre viagens internacionais face à circulação da variante Ómicron do SARS-CoV-2, o coronavírus que causa a doença respiratória covid-19.
Segundo a OMS, "as proibições de viagens não vão impedir a propagação internacional" da variante e "representam um fardo pesado para vidas e meios de subsistência", podendo "ter um impacto adverso nos esforços globais" de luta contra a pandemia, ao "desincentivar os países a reportarem e partilharem dados epidemiológicos e de sequenciamento" genético da nova variante, classificada como variante de preocupação.
A OMS exorta os países a continuarem a seguir "uma abordagem baseada em provas e riscos quando aplicam medidas sobre viagens, de acordo com o regulamento sanitário internacional".
"Todas as medidas devem ser proporcionais ao risco, limitadas no tempo e aplicadas com respeito pela dignidade dos viajantes, direitos humanos e liberdades fundamentais", assinala a organização.
As autoridades de cada país podem aplicar algumas "medidas de mitigação de risco" para "potencialmente atrasar a exportação ou importação da nova variante", como a testagem e o isolamento profilático de passageiros.
À data de domingo, de acordo com a OMS, 56 países estavam a adotar medidas em relação a viagens internacionais para tentar conter a importação da Ómicron, comunicada há cerca de uma semana à organização pela África do Sul, onde a estirpe foi detetada inicialmente, mas que já se espalhou a todos os continentes (com exceção da Antártida).
Nas suas recomendações, a OMS aconselha as pessoas com 60 ou mais anos ou com problemas de saúde (que tenham doenças como cancro ou diabetes) a adiarem as viagens, dada a sua vulnerabilidade à covid-19.
Em relação às pessoas que possam viajar, a agência das Nações Unidas recorda que devem "permanecer vigilantes quanto aos sinais e sintomas" da covid-19, ser vacinadas "quando for a vez" e aderir "às medidas sociais e de saúde pública em todos os momentos e independentemente do estado de vacinação, incluindo o uso de máscaras de forma adequada, respeitando o distanciamento físico, seguindo a boa etiqueta respiratória e evitando espaços lotados e mal ventilados".
Apesar das incertezas quanto aos efeitos da nova variante na transmissibilidade da infeção, na severidade da doença e na imunidade, a OMS alertou na segunda-feira para o risco global "muito alto" da Ómicron, pedindo aos governos que acelerem a vacinação contra a covid-19, em particular das pessoas mais vulneráveis, e reforcem a vigilância.
Numa tentativa de conter a propagação da nova estirpe do SARS-CoV-2, diversos países, incluindo Portugal, fecharam fronteiras aos estrangeiros ou suspenderam e restringiram viagens internacionais, em particular para a África Austral, medidas que têm sido condenadas pela OMS e pelos países da região.
A OMS elogiou hoje a África do Sul e o Botswana pela "rapidez e transparência com que notificaram e partilharam informações" sobre a variante Ómicron, permitindo que outros países "ajustassem rapidamente as suas medidas de resposta".
A covid-19 é uma doença respiratória pandémica causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A Ómicron, a quinta variante do SARS-CoV-2 classificada pela OMS como variante de preocupação, tem múltiplas mutações genéticas na proteína da espícula, "a chave" que permite ao vírus entrar nas células humanas. Algumas das mutações são consideradas preocupantes, uma vez que estão associadas a uma melhor transmissibilidade e à resistência a anticorpos neutralizantes.
Dados preliminares sugerem, segundo a OMS, "um risco acrescido de reinfeção" com a nova estirpe do SARS-CoV-2, por comparação com outras variantes de preocupação.
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