África do Sul classifica de 'apartheid' sanitário as restrições impostas

O Presidente sul-africano denunciou hoje em Abidjan, "todas as formas de 'apartheid' sanitário" de que o seu país tem sido alvo, através de restrições de deslocações internacionais desde que detetou a nova variante do coronavírus, a Ómicron.

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Lusa
02/12/2021 15:38 ‧ 02/12/2021 por Lusa

Mundo

Cyril Ramaphosa

 

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"Embora respeitemos o direito de cada país a tomar medidas para proteger a sua população, a cooperação global e sustentável de que precisamos para ultrapassar a pandemia exige que sejamos guiados pela ciência", declarou o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, após uma reunião com o seu homólogo da Costa do Marfim, Alassane Ouattara.

A África do Sul opõe-se "firmemente a qualquer forma de 'apartheid' sanitário na luta contra a pandemia" de covid-19, acrescentou.

O Presidente Ramaphosa manifestou a "preocupação de que África e o resto do mundo em desenvolvimento continuam a lutar [contra a pandemia] com um acesso limitado às tão necessárias vacinas para salvar vidas".

Ramaphosa reiterou que a proibição de viajar da África do Sul e Austral, imposta por um grande número de países, é "lamentável, injusta e contrária à ciência" e exortou-os a "reverem urgentemente" a sua posição.

O chefe de Estado disse que a decisão de isolar o seu país foi "uma bofetada na cara à perícia e excelência africanas", uma vez que foram os seus "próprios cientistas que detetaram primeiro a variante Ómicron".

O Presidente agradeceu a Alassane Ouattara por demonstrar "solidariedade" ao permitir que a sua visita de Estado à Costa do Marfim - a primeira por um Presidente sul-africano desde o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países em 1992 - se realizasse nestas circunstâncias.

Devido ao aumento da propagação do vírus, a África do Sul acelerou a sua campanha de vacinação, alargando os locais de administração para centros comerciais e paragens de transportes. 

Os novos casos diários quase duplicaram. Na quarta-feira o número de casos era de 8.561, sendo que no dia anterior tinha sido de 4.373.

"Queremos que as famílias estejam seguras nesta época festiva", declarou hoje o ministro da Saúde, Joe Phaahla. 

"Antes de irem para casa, antes de partirem de férias, certifiquem-se de que se protegem a si próprios e àqueles que amam. Se visitar os seus pais e eles ainda não tiverem sido vacinados, vá com eles para o local de vacinação mais próximo de si. Isto pode salvar-lhes a vida", sugeriu o ministro.

A província de Gauteng, onde se encontra a maior cidade da África do Sul, Joanesburgo, e a capital, Pretória, é um foco de novas infeções, com mais de 70% dos novos casos.

Os funcionários de Gauteng dizem que estavam "a preparar-se para o pior", aumentando as camas dos hospitais e reabrindo alguns hospitais de campo, em antecipação do aumento das admissões de doentes da covid-19.

Os testes indicam que a variante Ómicron está a espalhar-se rapidamente e encontra-se agora em cinco das nove províncias da África do Sul. Não se sabe quantos dos novos casos diários envolvem a variante porque os cientistas só podem fazer a sequenciação genética completa num pequeno número de testes positivos.

Contudo, parece que a Ómicron está a "tornar-se rapidamente a variante dominante" na África do Sul, de acordo com uma declaração emitida pelo Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis.

O instituto afirmou que 74% das 249 amostras sequenciadas em novembro foram identificadas como Ómicron.

O governador de Gauteng, David Makhura, disse hoje que a província começou a registar pelo menos 50.000 vacinações diárias esta semana.

No entanto, cerca de metade dos 16 milhões de pessoas da província permanecem não vacinadas, declarou Makhura.

O número inclui muitos migrantes que se encontram na África do Sul sem autorização e que, por conseguinte, não podem ser vacinados porque não podem ser registados no sistema de vacinação digital, explicou o governador.

Cerca de 36% dos adultos na África do Sul estão totalmente vacinados, de acordo com as estatísticas oficiais.

O país tem agora 19 milhões de doses das vacinas Pfizer-BioNTech e Johnson & Johnson, mas o ritmo das vacinações abrandou.

Foi por isso que as autoridades lançaram a nova campanha para aumentar o número de vacinas administradas antes de um grande número de sul-africanos começarem a viajar e a socializar durante a época de férias.

Desde o início da pandemia, a África do Sul, com uma população de 60 milhões de pessoas, comunicou um total de 2,9 milhões de casos confirmados e quase 90.000 mortes na pandemia.

A variante Ómicron tem sido relatada até agora em quatro países africanos (África do Sul, Gana, Nigéria e Botsuana).

 

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