Terrorismo global continua a ser "uma ameaça persistente"

O Departamento de Estado norte-americano divulgou hoje o relatório global sobre o terrorismo, relativo a 2020, que conclui que, apesar de sucessos do contraterrorismo, os grupos terroristas permanecem "uma ameaça persistente" e estão mais dispersos.

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Lusa
16/12/2021 20:09 ‧ 16/12/2021 por Lusa

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No documento, que vai agora ser entregue ao Congresso, o Departamento de Estado reconhece que "os Estados Unidos e os seus aliados fizeram avanços significativos contra organizações terroristas", mas admite que "a ameaça de terrorismo se tornou mais dispersa geograficamente, em várias regiões à volta do mundo".

O documento, de 318 páginas, salienta vários sucessos de operações de contraterrorismo, nomeadamente contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), a Al-Qaida e o Irão.

"A coligação global para derrotar o EI, que agora conta com 83 membros, trabalhou para consolidar as vitórias no Iraque e na Síria, enquanto ampliava os esforços para conter a crescente ameaça deste movimento na África ocidental e no Sahel", refere o documento.

O Departamento de Estado recorda que os Estados Unidos designaram o novo líder do EI, Amir Muhammad Sa'id Abdal-Rahman al-Mawla, como "terrorista global especialmente designado" e salienta que as operações militares lideradas pelos EUA em 2020 resultaram na morte de Qassim al-Rimi, o emir da Al-Qaida na Síria.

"Os Estados Unidos continuaram a enfrentar as ameaças representadas pelo terrorismo patrocinado pelo Estado, sancionando grupos apoiados pelo Irão, como Asa'ib Ahl al-Haq, com base no Iraque, e Saraya al-Mukhtar, com base no Bahrein", adianta o relatório.

No documento, reconhece-se ainda que nove países ocidentais, em particular da Europa, tomaram medidas para "designar, banir ou restringir o (movimento xiita libanês) Hezbollah".

Refletindo a crescente ameaça do extremismo violento de motivação racial, e pela primeira vez, em 2020 o Departamento de Estado designou como terrorista uma organização supremacista branca, impondo sanções contra o Movimento Imperial Russo e contra três dos seus líderes.

Uma parte relevante do documento centra-se no combate contra o EI e contra a Al-Qaida, considerados uma ameaça relevante como base de vários grupos terroristas, salientando-se que vários desafios permanecem, apesar das recentes vitórias contra estas organizações.

"Embora o EI tenha perdido todo o território que apreendeu no Iraque e na Síria, a organização e as suas filiais continuaram a montar uma campanha de terrorismo mundial, realizando ataques mortais em todo o mundo", denuncia o relatório.

Sobre a Al-Qaida, o Departamento de Estado reconhece que "a organização enfrentou perdas significativas de liderança", com a eliminação do seu líder Abdelmalek, mas admite que as suas redes "continuam a explorar espaços malgovernados, zonas de conflito e lacunas de segurança no Médio Oriente".

Relativamente ao Irão, o Departamento de Estado acusa o Governo de Teerão de "continuar a apoiar atos de terrorismo regional e global", durante 2020, apoiando grupos parceiros no Bahrein, Iraque, Líbano, Síria e Iémen, incluindo o Hezbollah e o movimento islâmico palestiniano Hamas.

"Os líderes seniores da Al-Qaida continuaram a residir no Irão e a facilitar as operações terroristas a partir desse território", conclui o documento, explicando que os Guardas da Revolução (corpo de elite das forças armadas iranianas) continua a "financiar conspirações terroristas em toda a Europa, África, Ásia e ambas as Américas".

O Departamento de Estado norte-americano considera que a pandemia de covid-19 "complicou o cenário terrorista", criando "desafios e oportunidades" para várias organizações, dando o exemplo do EI que "explorou a crise sanitária para reforçar narrativas extremistas violentas".

O relatório elogia o papel dos Estados Unidos no combate global contra o terrorismo, salientando o seu esforço em liderar projetos de contraterrorismo com diversos aliados e no âmbito de organizações internacionais, bem como no acompanhamento de processos de repatriação de terroristas.

"Os Estados Unidos continuaram a desempenhar um papel importante na repatriação, reabilitação, reintegração e julgamento de combatentes terroristas estrangeiros do EI e membros das suas famílias", reconhece o documento.

Outra linha importante do esforço de luta contra o terrorismo em 2020 foi fortalecer as capacidades dos parceiros para detetar, interromper e desmantelar redes terroristas.

"Os Estados Unidos apoiaram governos na linha de frente contra ameaças terroristas em áreas críticas, incluindo a partilha de informações", pode ler-se no documento, que menciona ainda o facto de os Estados Unidos ter procurado restringir as movimentações de grupos terroristas, através de convénios com diversos países aliados.

Leia Também: Brasil e EUA mantiveram cooperação de prevenção e combate ao terrorismo

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