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Pequim manifesta "firme oposição" às sanções dos EUA contra empresas

Pequim, 17 dez 2021 (Lusa) - A República Popular da China manifestou hoje uma "firme oposição" às sanções dos Estados Unidos da América (EUA) contra empresas chinesas acusadas por Washington de violação dos direitos humanos contra a minoria étnico-religiosa uigur em Xinjiang (noroeste).

Pequim manifesta "firme oposição" às sanções dos EUA contra empresas
Notícias ao Minuto

11:33 - 17/12/21 por Lusa

Mundo China/EUA

"Vamos tomar as medidas necessárias para proteger, com determinação, os direitos e os interesses legítimos das entidades e empresas chinesas", disse em conferência de imprensa Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Os Estados Unidos "inventam todo o tipo de pretextos, abusando das medidas de controlo sobre as exportações para reprimirem de forma irracional as entidades e empresas chinesas", disse ainda Wang Wenbin.

"Neste momento, estão a chegar a um ponto em que não têm escrúpulos para alcançarem os objetivos que pretendem", acusou o porta-voz.

Os Estados Unidos reforçaram medidas que interditam as importações da província chinesa de Xinjiang e anunciaram sanções contra empresas de tecnologia e de biotecnologia por violação de direitos humanos contra o povo uigur, de origem muçulmana.

Na quinta-feira, as autoridades norte-americanas apresentaram as medidas contra mais de trinta entidades que constam agora de "uma lista negra" relativa a restrições contra "exportações sensíveis".

Os cidadãos norte-americanos ficam agora totalmente proibidos de estabelecerem relações comerciais com oito empresas de alta tecnologia da República Popular da China, incluindo a DJI, a primeira companhia de aparelhos aéreos não tripulados (drones) do mundo, que há quase dois anos figuram na "lista negra" das autoridades comerciais dos Estados Unidos.

Por outro lado, o Senado (câmara alta do Congresso norte-americano) aprovou na quinta-feira, por unanimidade, uma lei que proíbe a importação para os Estados Unidos de uma série de produtos fabricados em Xinjiang, demonstrando assim estar contra a prática do "trabalho forçado" na província do noroeste da República Popular da China.

O Departamento de Comércio norte-americano decidiu sancionar o setor da alta tecnologia chinesa que considera estar a violar os direitos do povo uigur.

O principal "grupo étnico" de Xinjiang (uigur) é de origem muçulmana, sendo que na região se verificam "atentados" atribuídos por Pequim a grupos separatistas ou "islamitas".

Investigações ocidentais, com base em documentação e testemunhos, acusam Pequim de ter detido cerca de um milhão de pessoas desta minoria em campos de doutrinação e reeducação, de ter promovido a "esterilização forçada de mulheres" e de obrigar os uigures a trabalhos forçados.

Os Estados Unidos qualificam a campanha de Pequim como "genocídio" e já promoveram um boicote diplomático contra os Jogos Olímpicos de Inverno que se vão realizar na capital chinesa entre os próximos dias 04 e 20 de fevereiro.

Pequim tem rejeitado as acusações sobre os campos de internamento e dos "centros de formação profissional" destinados aos habitantes da província.

Vários grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que o regime chinês exerce a vigilância com recurso a meios tecnológicos de Inteligência Artificial (AI), nomeadamente reconhecimento facial.

Entre as instituições visadas pelas sanções dos Estados Unidos figuram centros de estudo sobre transfusões sanguíneas, empresas de bioengenharia e de toxicologia.

Os Estados Unidos estimam que as "empresas privadas do setor da tecnologia de defesa e segurança cooperam ativamente com o Governo (de Pequim) nos esforços para reprimirem os membros dos grupos étnicos e as minorias religiosas", disse o secretário adjunto do Tesouro, Brian Nelson.

No total, 37 entidades integram a lista do Departamento de Comércio referente a companhias acusadas de envolvimento em atividades "contrárias à política externa e aos interesses da segurança nacional dos Estados Unidos".

Em concreto, a lista integra empresas chinesas, mas também companhias da Geórgia, Malásia e da Turquia, de acordo com o documento que deve ser publicado hoje oficialmente nos Estados Unidos.

Washington decidiu também restringir "exportações sensíveis" da Academia de Ciências Médicas e Militares da República Popular da China e de 11 institutos de investigação devido aos trabalhos sobre biotecnologia, nomeadamente de investigações sobre "mecanismos de controlo da mente humana".

Por outro lado, o texto adotado no Congresso dos Estados Unidos baniu os produtos fabricados na totalidade ou parcialmente na província chinesa de Xinjiang "a não ser" que as empresas consigam provar junto dos serviços alfandegários que os artigos não foram feitos sob "trabalho forçado".

A documentação deve ser assinada em breve pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

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