Bolsonaro lamenta desentendimentos sobre redução de tarifas do Mercosul
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, lamentou hoje que o Mercosul não tenha chegado a acordo para reduzir em 10% a Tarifa Externa Comum, na sua intervenção numa cimeira virtual organizada a partir de Brasília.
© Lusa
Mundo MERCOSUL
"Lamentamos não poder chegar a um acordo sobre essa questão neste semestre, em que o Brasil ocupou a presidência rotativa do bloco", declarou Bolsonaro, na cimeira do bloco formado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, afirmando-se convicto de que a medida "beneficiará todos" os "setores produtivos".
A cimeira do Mercosul, realizada virtualmente, também incluiu os Presidentes da Argentina, Alberto Fernández, do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que no final da reunião recebeu de Bolsonaro a presidência rotativa do bloco até ao primeiro semestre de 2022.
A redução de 10% da Tarifa Externa Comum foi praticamente consensual, mas nos últimos meses o Uruguai condicionou o seu apoio ao Mercosul também aprovar uma modificação da cláusula que impede seus membros de negociar acordos comerciais com outros países ou blocos individualmente.
O Uruguai justificou essa posição na sua decisão de avançar para um acordo comercial com a China, sobre o qual o Presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, advertiu esta semana que "não há como voltar atrás".
Mesmo assim, no mês passado, o Brasil antecipou-se e anunciou unilateralmente a aplicação daquela redução de 10% na tarifa após obter o apoio da Argentina, o único país que permanecia relutante em relação a essa medida.
Jair Bolsonaro explicou na cimeira que essa medida foi "um movimento excecional e temporário", forçado pelas dificuldades económicas geradas pela pandemia do novo coronavírus no Brasil, um dos países mais afetados pela crise de sanitária no mundo.
Já o Presidente paraguaio, que recebeu hoje a presidência rotativa do Mercosul das mãos do chefe de Estado brasileiro, prometeu continuar a trabalhar para fortalecer os valores do bloco.
Abdo Benítez garantiu que, durante os próximos seis meses, o seu Governo se empenhará em reduzir os entraves burocráticos do bloco, "abrir ao mundo as forças da região" e "continuar a fortalecer os valores" que os unem.
Nesse sentido, Abdo Benítez prometeu dar prioridade às negociações sobre a tarifa externa e afirmou que "a melhor forma de defender os interesses é trabalhar de forma conjunta e coordenada".
O Presidente paraguaio também destacou que, durante a presidência pró-tempore do Mercosul será desenvolvida uma agenda dinâmica e pró-ativa que incluirá este processo de revisão tarifária.
"Alcançamos uma importante reaproximação de posições nos últimos meses", acrescentou o Abdo Benítez, referindo-se a essas negociações, agora dificultadas pelo Uruguai.
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