A Anvisa "repudia e rejeita veementemente qualquer ameaça, explícita ou velada, que possa constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias", afirmou a máxima autoridade sanitária do país sul-americano num comunicado assinado pelos seus cinco diretores.
O posicionamento é uma resposta à mais recente transmissão em direto feita semanalmente por Bolsonaro, um dos chefes de Estado mais negacionistas em relação à gravidade da pandemia em todo o mundo e que pediu a divulgação da identidade dos técnicos que aprovaram a aplicação da vacina contra a covid-19 em crianças entre os 05 e 11 anos.
"Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 05 anos. Queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, forme o seu juízo", declarou o Presidente na quinta-feira.
No seu comunicado, a Anvisa afirmou que todas as suas decisões em relação à análise de vacinas são baseadas na ciência e que o seu ambiente de trabalho é "isento de pressões internas e avesso a pressões externas".
"Após os seus dirigentes e seu corpo funcional sofrerem ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional encontra-se no foco e no alvo do ativismo político violento", disse a entidade.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, que chegou ao Brasil em fevereiro de 2020, Bolsonaro tem liderado uma polémica gestão da crise sanitária, posicionando-se sempre contra o uso de máscaras, confinamentos, vacinas e, mais recentemente, contra o passaporte sanitário.
Essa mesma gestão culminou numa comissão parlamentar de inquérito (CPI) no Senado brasileiro para investigar as omissões do Governo, que, no seu relatório final, formulou nove acusações contra o Presidente, incluindo "crimes contra a humanidade".
Com mais de 617 mil mortes e 22,2 milhões de infetados, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes devido à covid-19, atrás dos Estados Unidos da América, e o terceiro com mais infeções, depois da nação norte-americana e da Índia.
A covid-19 provocou mais de 5,33 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 77 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
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