Num primeiro balanço, o ACNUR tinha anunciado, em 10 de dezembro, que 22 pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas nos confrontos entre pescadores e pastores no departamento camaronês de Logone-et-Chari, que se iniciaram em 05 de dezembro.
Na declaração, o ACNUR "estima que mais de 85.000 pessoas fugiram para o vizinho Chade nos últimos dias" e que cerca de 15.000 camaroneses se deslocaram internamente.
O número de pessoas forçadas a fugir da violência é de mais de 100.000, mas "poderia ser muito superior", segundo o ACNUR.
A grande maioria de pessoas que chega ao Chade são mulheres e crianças, de acordo com a agência das Nações Unidas (ONU).
Cerca de 48.000 pessoas refugiaram-se perto da capital chadiana, Ndjamena.
Durante os confrontos entre pescadores e pastores, pelo menos 112 aldeias camaronesas foram queimadas.
"Os refugiados precisam urgentemente de abrigo, cobertores, tapetes e kits de higiene", pediu o ACNUR.
"Alguns estão a ser generosamente acolhidos pelas comunidades locais, mas a maioria dorme ao ar livre ou à sombra das árvores", alertou a agência.
Embora tenham sido destacadas forças de segurança para o extremo norte dos Camarões, e "embora poucos incidentes tenham sido relatados na última semana, a tensão entre as comunidades continua elevada", advertiu a ONU.
O Chade, um país da África Central de cerca de 17 milhões de pessoas, é o lar de um milhão de refugiados e deslocados internos.
Em agosto, 45 pessoas já tinham sido mortas e várias dezenas ficaram feridas em confrontos entre pescadores e pastores no extremo norte dos Camarões. Mais de 20.000 camaroneses refugiaram-se no Chade e 8.500 ainda não regressaram a casa, de acordo com o ACNUR.
Os confrontos entre as duas comunidades estão ligados a disputas sobre o acesso e gestão da água, de acordo com as autoridades.
Segundo as Nações Unidas, a violência entre comunidades pode ser exacerbada nos próximos anos devido ao aquecimento global "que aumenta a competição pelos recursos, particularmente a água".
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