Esta é a quarta suspensão desde que o juiz Tareq Bitar foi escolhido para liderar a investigação, em fevereiro, e a decisão surge apenas duas semanas após a retoma dos trabalhos.
Hoje, fonte judicial indicou à agência noticiosa France-Presse (AFP) que Bitar foi informado sobre mais um recurso apresentado pelos ex-ministros Ali Hassan Khalil e Ghazi Zeaiter, o que o obrigou a suspender novamente as investigações.
Os políticos envolvidos apresentaram um total de 18 denúncias contra o juiz Bitar por obstrução da investigação, obrigando-o a suspender as investigações em diversas ocasiões.
O magistrado está sob intensa pressão, em particular do poderoso Hezbollah, o movimento xiita pró-iraniano, que, além de exigir a sua demissão, o acusa de politizar a investigação da gigantesca explosão que deixou mais de 215 mortos e cerca de 6.500 feridos.
O caso está a paralisar o Governo, que não se reúne desde 12 de outubro devido às exigências de ministros do Hezbollah.
Vários políticos, de todos os quadrantes, têm-se recusado a ser interrogados pelo juiz, embora as autoridades atribuam a tragédia, que destruiu bairros inteiros de Beirute, ao armazenamento sem medidas cautelares de enormes quantidades de nitrato de amónio.
Outros dirigentes políticos, porém, temem que o magistrado tenha o mesmo destino que o seu antecessor, Fadi Sawan, demitido em fevereiro após acusações de obstrução à justiça feita por de altos funcionários governativos.
As autoridades são acusadas pelos familiares das vítimas e por várias organizações internacionais e não-governamentais de criar obstáculos às investigações para evitar as acusações.
As explosões de 04 de agosto, que as autoridades libanesas têm atribuído a um incêndio num depósito no porto onde se encontravam armazenadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio, deixaram cerca de 300.000 pessoas desalojadas, 215 mortos e mais de 6.500 feridos, além de mais de duas dezenas de desaparecidos.
Ainda sem terem sido apontados responsáveis pela catástrofe, fruto de uma justiça inoperante, associada à ideia generalizada entre a população de que os políticos libaneses são corruptos, a crise política então aberta em agosto de 2020 está por concluir, face aos sucessivos desentendimentos entre os políticos, o que mergulhou ainda mais o país na então já existente grave crise económica.
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