O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, reuniram-se hoje numa cimeira virtual para assinar o Acordo de Acesso Recíproco, o primeiro pacto de defesa assinado pelo Japão com qualquer outro país que não seja os Estados Unidos.
O acordo surge mais de um ano após o início das negociações entre Tóquio e Camberra com o objetivo de quebrar as barreiras legais para permitir que as tropas de um país entrem no outro, para exercícios militares ou para outros fins.
"O Japão é o nosso parceiro mais próximo na Ásia, conforme ficou demonstrado com a nossa parceria estratégica especial - a única parceria desse tipo na Austrália", disse Morrison.
Por seu lado, Kishida saudou o acordo como "um instrumento de referência que elevará a cooperação de segurança entre as nações para novos patamares".
Embora a China não tenha sido mencionada nestes discursos, o significado deste acordo como uma resposta à afirmação de Pequim na região ficou implícito.
O embaixador do Japão na Austrália, Shingo Yamagami, disse que "à luz da deterioração do ambiente de segurança, o que o Japão e a Austrália podem fazer juntos é, em primeiro lugar, aumentar o poder de dissuasão".
Morrison explicou que o acordo "constituirá uma parte importante da resposta da Austrália e do Japão à incerteza" que os dois países enfrentam e garantiu que o tratado "sustentará um envolvimento maior e mais complexo na operacionalidade entre as forças de Defesa da Austrália e as forças de autodefesa do Japão".
Malcolm Davis, analista do Instituto de Políticas Estratégicas da Austrália, disse que o acordo reconhece a importância de estabelecer parcerias firmes de Defesa, para deter uma China cada vez mais agressiva.
"O Japão está a romper com as suas restrições constitucionais do pós-guerra sobre o uso da força militar", explicou Davis, falando nos riscos de uma "disputa territorial entre a China e o Japão.
O pacto hoje assinado baseia-se no diálogo estratégico entre Japão, Austrália, Estados Unidos e Índia.
A Austrália também assinou, no ano passado, o acordo AUKUS com os Estados Unidos e o Reino Unido, através do qual estes dois países se comprometeram a ajudar Camberra a adquirir submarinos de propulsão nuclear.
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