"No domingo, a CEDEAO mostrou uma posição muito clara e firme, com sanções inéditas, que marca a condenação profunda da deriva da junta militar que a França já tinha denunciado várias vezes. Nós apoiamos esta posição da CEDEAO", declarou o Presidente da República francês, Emmanuel Macron, em conferência de imprensa.
O líder gaulês reuniu-se hoje com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no Palácio do Eliseu de forma a alinhar as prioridades da França que assumiu a presidência do Conselho da União Europeia no início de janeiro, com as diferentes instituições europeias.
Questionado sobre as recentes sanções impostas pela CEDEAO ao Mali após a junta militar no poder neste país africano manter um calendário de quatro anos para eleições livres no país, o Presidente francês disse que nas próximas semanas haverá medidas europeias que vão acompanhar essa decisão.
"Os ministros dos Negócios Estrangeiros vão reunir-se em cimeira informal no fim de semana e haverá ocasião para declarações políticas. Até ao fim do mês, haverá uma reunião formal para que a União Europeia possa acompanhar esta decisão", declarou.
Emmanuel Macron disse que os líderes europeus estão "completamente solidários com a região" e qualificou a decisão dos líderes africanos de "corajosa e clara".
Desde 2014 que a França mantinha no Mali a operação militar Barkhane, no entanto, o seu fim foi anunciado em junho de 2021, apenas alguns dias após o golpe de Estado no país. De forma a substituir esta missão, a França criou o grupo de forças especiais europeias, Takuba, integrada por Portugal.
"Nós já fizemos evoluir o nosso dispositivo na região. A nossa missão do Mali tem uma coordenação europeia inédita. Através desta missão criámos um quadro único de intervenção que é Takuba que permite coordenar cerca de uma dezena de países europeus, concentrando os seus esforços na luta contra o terrorismo", justificou o Presidente, não tendo comentado a evolução dos mercenários russos do grupo Wagner na região.
O Mali vive desde 2012 uma crise de segurança decorrente do surgimento de vários grupos 'jihadistas' ligados aos grupos extremistas Al-Qaida e Estado Islâmico, que aproveitaram a debilidade do Estado maliano para avançar pelo Sahel, provocando dois golpes de Estado nos últimos dois anos.