Borrell diverge de ministros alemães sobre gasoduto Rússia-Alemanha

O chefe da diplomacia da União Europeia divergiu hoje de posições de ministros alemães sobre o gasoduto Nord Stream 2, entre a Rússia e a Alemanha, ao condicionar a sua entrada em funcionamento à situação na Ucrânia.

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Lusa
13/01/2022 15:41 ‧ 13/01/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

"Não se pode imaginar que, por um lado, estejamos a pensar em impor sanções e, por outro, em abrir uma infraestrutura. Está certamente ligado à situação militar na Ucrânia", disse Josep Borrell numa conferência de imprensa após a reunião dos ministros da Defesa da UE na cidade francesa de Brest.

"O funcionamento desta infraestrutura dependerá do desenvolvimento dos acontecimentos na Ucrânia e da atitude da Rússia", disse o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, citado pela agência espanhola EFE.

O político espanhol, que é também um dos vice-presidentes da Comissão Europeia, acrescentou, no entanto, que caberá aos reguladores alemães e europeus decidir a aprovação da entrada em funcionamento do gasoduto.

A ministra da Defesa alemã, a social-democrata Christine Lambrecht, manifestou uma posição diferente, que também diverge da dos Verdes, parceiro na coligação governamental, ao afirmar à rádio RBB que o gasoduto deve ser mantido fora da questão da Ucrânia.

"Não devemos arrastar [o Nord Stream 2] para este conflito", disse hojee Christine Lambrecht à rádio alemã, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

"Temos de resolver este conflito, e temos de o resolver em conversações, esta é a oportunidade que temos neste momento, (...) em vez de o ligar a projetos que nada têm a ver com este conflito", acrescentou a ministra social-democrata.

Os aliados europeus dos Estados Unidos e da Ucrânia acusam a Rússia de reunir tropas perto da fronteira ucraniana em preparação para uma invasão, intenção negada por Moscovo.

Os países ocidentais prometeram sanções duras contra a Rússia no caso de invadir a Ucrânia, que poderiam passar pela suspensão das operações do North Stream 2.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou recentemente que o gasoduto é um projeto puramente privado, no que a AFP considera ser uma ilustração da ambiguidade da Alemanha sobre a questão.

O secretário-geral do Partido Social Democrata (SPD), Kevin Kühnert, disse esta semana que o controverso gasoduto está "agora praticamente" em funcionamento.

"Existem autorizações e, portanto, questões legais, que ainda impedem a operação definitiva. Mas a dada altura, deve haver paz política e jurídica sobre tal questão", disse Kühnert.

O Nord stream 2 aguarda a certificação pelo regulador alemão de energia.

O apelo da ministra da Defesa e de um dos líderes do SPD contrasta fortemente com as ameaças feitas pelos ambientalistas, que são também membros da coligação que sucedeu a Angela Merkel no poder.

A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, a ecologista Annalena Baerbock, avisou, na quarta-feira, que o gasoduto não será autorizado a funcionar no caso de uma escalada na Ucrânia.

Esta posição foi igualmente defendida pelo ministro da Economia e do Clima, Robert Habeck, também ele dirigente dos Verdes.

A dissonância surgiu na quarta-feira, quando senadores democratas norte-americanos revelaram um novo projeto de lei de sanções que visa punir o Presidente russo, Vladimir Putin, no caso de uma invasão da Ucrânia.

Entre outras medidas, o projeto de lei incentiva a Administração do Presidente Joe Biden a "considerar todas as medidas disponíveis e apropriadas" para assegurar que o Nord Stream 2, descrito como um "instrumento de influência maligna pela Federação Russa", não entre em funcionamento.

Leia Também: Ucrânia. Chefe da diplomacia da UE contra negociações "sob pressão" russa

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