Na sua newsletter semanal, o chefe de Estado sul-africano ressalvou a "necessidade de proteger a Constituição, o Estado democrático e o processo eleitoral contra quem pretender enfraquecer a democracia" do país.
"Devemos proteger-nos contra todo e qualquer esforço para diminuir a nossa duramente conquistada democracia -- sejam tentativas na forma de corrupção em empresas estatais, a subversão das nossas agências da lei, a sabotagem da nossa infraestrutura económica ou ataques à independência e integridade do nosso judiciário", escreveu o chefe de Estado, sem mencionar diretamente a governante, na página oficial da Presidência da República sul-africana.
Lindiwe Sisulu, de 67 anos, que pretende contestar a liderança do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder desde a queda do apartheid em 1994), questionou a Carta Magna do país, afirmando que "não é a Sagrada Escritura".
"A Constituição estabelece efetivamente altos padrões para a nossa vida democrática", mas "não é o Evangelho", escreveu a ministra sul-africana no domingo, salientando que pode ser "aberta à discussão, debate e crítica".
Sisulu, que é filha do ativista anti-apartheid e antigo fundador do ANC Walter Sisulu, questionou ainda se a Constituição da República fez o suficiente para lidar com os problemas estruturais que o país herdou do anterior regime.
A polémica no seio do partido no poder na África do Sul dividiu o executivo de Ramaphosa, depois de Sisulu ter criticado também o sistema judicial do país e o ministro da Justiça e Serviços Correcionais, Ronald Lamola.
"Nos escalões superiores do nosso sistema judicial estão aqueles africanos mentalmente colonizados, que adotaram a visão do mundo e a mentalidade daqueles que desapropriaram seus ancestrais", declarou a ministra Sisulu, citada pela imprensa local.
"Referir-se aos funcionários de Justiça com afirmações raciais grosseiras não pode passar como um debate", respondeu Lamola.
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