Parlamento Europeu homenageia o "grande europeu" e esperançoso Sassoli
Um dia antes da eleição do novo presidente da assembleia para a segunda metade da legislatura, agendada para terça-feira, o Parlamento Europeu consagrou a primeira hora e meia da primeira sessão plenária do ano a um tributo a David Sassoli.
© PATRICK HERTZOG/AFP via Getty Images
Mundo David Sassoli
O Parlamento Europeu prestou, esta segunda-feira, homenagem ao presidente David Sassoli, que morreu na passada terça-feira, aos 65 anos, devido a uma disfunção do seu sistema imunitário.
Um dia antes da eleição do novo presidente da assembleia para a segunda metade da legislatura, agendada para terça-feira, o Parlamento Europeu consagrou a primeira hora e meia da primeira sessão plenária do ano a um tributo a Sassoli, recordado por todos os intervenientes como um europeísta defensor dos mais desfavorecidos e do Estado de direito. E pelo seu sorriso, mencionado em todos os discursos.
O evento ficou marcado pela ausência da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que teve de cancelar a sua presença no plenário após o seu motorista ter testado positivo à Covid-19. No Twitter, a responsável quis homenagear a “memória” do colega “com uma rosa branca que foi um símbolo do seu compromisso político e moral ao longo da vida” e partilhou o discurso que tinha previsto para a homenagem.
It is with a heavy heart that I have had to forego my tribute to my good friend David Sassoli.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) January 17, 2022
I still want to honour his memory with a white rose that was a symbol of his lifelong political and moral engagement.
Buona strada, caro David.
O elogio fúnebre coube ao antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta, amigo próximo de David Maria Sassoli, que destacou a "esperança" que este transmitia.
"A esperança foi a marca da liderança de David. Havia esperança no seu sorriso, nos seus olhos, nas suas palavras. A luta do David pela democracia, liberdade e Estado de direito tem sido uma inspiração para todos nós, um farol de esperança", disse.
O líder do Parido Democrático italiano acrescentou que "o seu sorriso, que atravessa a mente de todos quando se recorda o David, era um dom inato, mas o seu sorriso era acima de tudo um estado de espírito, um sorriso de compreensão".
"A cerimónia [fúnebre] de sexta-feira passada em Roma foi um hino à Europa. Mesmo no momento final, David deixou-nos um grande legado. Nesse dia, com aquela bandeira europeia, ouvindo tantas línguas entrelaçadas, todos sentimos realmente que a Europa não é apenas diretivas, instituições e acrónimos. Não. A Europa é, antes de mais, o seu povo, a sua alma, o seu coração. Sim, abraços, emoções, sorrisos", declarou.
Particularmente emotiva foi a intervenção da líder da bancada dos Socialistas Europeus - família à qual Sassoli pertencia -, com Iratxe García Pérez a não conter as lágrimas ao recordar o dirigente italiano, sempre preocupado em "melhorar a vida das pessoas, e sempre com um sorriso e um olhar amável".
"Sassoli encarnava a alma da Europa. Não perdemos apenas um grande presidente, perdemos um companheiro, um amigo, e a Europa perde um político exemplar", disse.
Recordando que na sua última intervenção - por vídeo, por ocasião do Conselho Europeu de dezembro passado - Sassoli "lembrava o dever de proteger os mais vulneráveis", a líder da bancada dos Socialistas e Democratas afirmou que "a melhor homenagem que se lhe pode prestar é prosseguir o seu legado, construindo a Europa social e uma política migratória que coloque as pessoas no centro".
Também o líder da bancada do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber, fez votos para que a assembleia esteja à altura de prosseguir o legado de Sassoli, "um grande europeu", a quem a Europa "deve muito".
"Pessoalmente, perco um amigo. Será recordado como um construtor de pontes, guiado pelos valores da tolerância e solidariedade", disse.
Entre os dirigentes que tomaram a palavra nesta homenagem na assembleia de Estrasburgo contou-se também o Presidente francês, Emmanuel Macron, e também ele recordou "a doçura do sorriso" de Sassoli, assim como "a determinação quase metálica do seu olhar, a sua força, sobretudo quando falava da Europa e dos seus valores, e a sua humildade".
Sassoli morreu em 11 de janeiro, aos 65 anos, em Aviano (Itália), onde se encontrava hospitalizado desde 26 de dezembro, sendo o primeiro presidente do Parlamento Europeu a morrer em exercício de funções nas quais estava prestes a ser substituído, no cumprimento de um acordo de partilha do mandato de cinco anos.
David Sassoli contraiu uma pneumonia em setembro de 2021, que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo, França, e, embora tenha recebido alta hospitalar uma semana depois, prosseguiu a recuperação em Itália e esteve mais de dois meses ausente das sessões plenárias do parlamento, regressando no final do ano.
O funeral, com honras de Estado, teve lugar no passado sábado, em Roma.
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