"As nossas forças [FDS] controlam um conjunto de edifícios composto por oito camaratas dentro da prisão de Al Sina, em al-Hasaka (nordeste). A operação de captura [dos amotinados] está em curso", lê-se no comunicado da aliança militar, liderada por curdos-sírios.
As FDS deram também conta de que 250 extremistas se entregaram hoje de manhã durante uma operação das forças curdo-sírias num edifício onde se encontravam entrincheirados, o que aumenta para 550 o total de extremistas islâmicos que se renderam nos últimos seis dias.
No entanto, desconhece-se ainda quantos presos continuam escondidos no centro penitenciário e também quantos conseguiram evadir-se da prisão nos primeiros dias de violência. Antes dos motins, a prisão albergava cerca de 3.500 reclusos de diferentes nacionalidades.
Pelo menos 700 menores permanecem dentro das instalações e estão a ser usados pelos extremistas para evitar um ataque às suas posições, de acordo com o FDS.
A este respeito, em Genebra, a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, denunciou hoje a situação em que se encontram os menores na prisão de Ghwayran, uma antiga escola convertida em centro penal há três anos, após o EI ter saído derrotado.
"Estamos particularmente preocupados com os relatos de um número significativo de crianças detidas, bem como com a sua segurança e as condições que enfrentam. A detenção de menores deve ser o último recurso e pelo período mais curto possível", disse.
A grande maioria dos detidos em Ghwayran está neste local há dois anos e meio, num vazio jurídico completo, sem possibilidade de ser julgado de forma justa.
A porta-voz insistiu que todas as partes em conflito têm a obrigação de proteger os civis, inclusive no planeamento e execução de operações militares e de segurança, conforme estabelecido pelo direito internacional.
Por outro lado, o escritório da ONU destacou as más condições em que se encontram os presos nas prisões sírias.
"Já alertámos anteriormente sobre o estado precário e inseguro dos centros de detenção administrados pelas FDS, onde os detidos estão em condições de superlotação, não têm acesso a cuidados médicos adequados e não podem ver suas famílias", disse Shamdasani.
A porta-voz também pediu aos países de origem dos prisioneiros de fora da Síria que repatriem os detidos, especialmente mulheres e crianças.
Na noite de quinta-feira, mais de 100 'jihadistas' do EI invadiram a prisão de Ghwayran com camiões bomba e armas pesadas na tentativa de libertar os 'jihadistas' aí detidos, ao que se seguiram violentos confrontos ao longo de vários dias em redor e dentro desta prisão no nordeste da Síria.
Segundo o balanço mais recente, divulgado segunda-feira pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), o número de mortes é de 154 em cinco dias de combates entre forças curdas e 'jihadistas' -- 102 combatentes extremistas, 45 soldados curdos e sete civis.
O OSDH sublinhou que as FDS, que lideram a luta contra o EI, dominadas pelos curdos e membros da coligação liderada pelos Estados Unidos, consolidaram as posições em torno da prisão, com o objetivo de realizar um ataque, numa altura em que os combates diminuíram de intensidade no domingo à noite.
Os curdos, que controlam regiões do norte e nordeste da Síria, há anos que pedem, em vão, o repatriamento de cerca de 12.000 'jihadistas' de mais de 50 nacionalidades -- europeus e outros -- detidos nas suas prisões.
Desencadeada em março de 2011 pela repressão às manifestações pró-democracia, a guerra na Síria tornou-se mais complexa ao longo dos anos com o envolvimento de potências regionais e internacionais e a ascensão dos 'jihadistas'.
Apesar de derrotado em 2019, o EI ainda consegue realizar ataques mortíferos através de "células adormecidas".
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