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Borrell discutiu "situação muito preocupante" com países do Sahel

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, discutiu hoje em Bruxelas a "situação muito preocupante" no Sahel com os ministros dos Negócios Estrangeiros de quatro países da região e bilateralmente, face a desacordos sobre a participação do Burkina Faso no encontro.

Borrell discutiu "situação muito preocupante" com países do Sahel
Notícias ao Minuto

20:10 - 26/01/22 por Lusa

Mundo Sahel

"Recebi hoje aqui em Bruxelas os ministros dos Negócios Estrangeiros do Mali, da Mauritânia, do Níger e do Chade. Devido a uma falta de acordo entre os países do Sahel sobre os participantes na reunião ministerial, a presidência do Chade, após consultar os seus homólogos, e em acordo connosco, decidiu adiar a reunião para quando as condições estiverem de novo reunidas", explicou o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, numa declaração à imprensa sem espaço para perguntas.

Borrell indicou que, "em contrapartida", manteve "encontros bilaterais, a fim de ter discussões com cada um dos interlocutores" dos países do G5 Sahel, com exceção do Burkina Faso, palco de um golpe militar na segunda-feira, e que era suposto estar representado no encontro ministerial de hoje UE-G5 Sahel pela sua embaixadora.

"Esta série de encontros permitiu fazer um ponto da situação, muito preocupante, no Sahel, e sobretudo dos últimos desenvolvimentos no Burkina Faso e no Mali, bem como sobre a extensão de ameaça de conflitos aos países vizinhos", disse o dirigente espanhol.

"Para cada um dos meus interlocutores, a minha mensagem foi - espero-o -- muito clara: a União Europeia mantém o seu compromisso com o Sahel, a UE é um parceiro fiável e de longa duração. As populações têm necessidades urgentes a nível de segurança, ajuda humanitária e perspetivas sociais e económicas".

Advertindo que "a impaciência aumenta" junto das populações "e essa fragilidade alimenta os movimentos terroristas", o Alto Representante sublinhou então que, no entanto, "o apoio externo não basta", recordando que "a primeira responsabilidade cabe às autoridades dos países do Sahel", pois são estas que devem "dar respostas aos seus cidadãos, fornecendo-lhes serviços públicos no conjunto do território".

Borrell mencionou então aqueles que são atualmente os dois maiores focos de preocupação na região do Sahel, o Mali e o Burkina Faso.

"Em linha com as declarações da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO], sublinhei a nossa grande preocupação face à presença de mercenários russos no Mali e os graves riscos que tal representa para a população civil. Os métodos desses grupos são incompatíveis com os nossos esforços coletivos em prol da segurança e do desenvolvimento", começou por dizer.

O Alto Representante revelou ter dito ao ministro dos Negócios Estrangeiros maliano, Abdoulaye Diop, que "a UE deseja continuar comprometida com o Mali e o Sahel, mas não a qualquer preço".

"Nessa perspetiva, pedi ao ministro que nos dê garantias concretas para assegurar a eficácias das nossas missões de apoio às forças de segurança e de defesa", do país, disse, acrescentando que também reforçou "o apelo da CEDEAO junto das autoridades do Mali no sentido de que adotem um calendário eleitoral credível sem mais demoras".

"A UE está unida na sua posição de impor sanções individuais a quem entrave o processo de transição no Mali", alertou.

Quanto ao Burkina Faso, reiterou que "a UE condena firmemente o afastamento pela força do Presidente Roch Kabouré" e exige "o rápido regresso à ordem constitucional".

"A libertação imediata de todas as pessoas ilegalmente detidas, a começar pelo Presidente ele mesmo, é essencial", declarou.

A terminar a sua declaração à imprensa, Josep Borrell deu conta de notas "positivas", saudando a "cooperação sólida e frutuosa da UE com o Níger e a Mauritânia" e a "evolução positiva da transição no Chade, que a União Europeia continuará a apoiar".

O G5 Sahel foi criado em 2014 por Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger, com o objetivo de reforçarem a cooperação a nível regional e enfrentarem desafios de caráter transfronteiriço, tais como o terrorismo e tráfico de seres humanos, tendo desde o início a UE apoiado esta iniciativa africana, centrando-se em três áreas, designadamente o diálogo político, a cooperação para o desenvolvimento e a segurança e estabilidade na região.

Leia Também: Fora de questão UE deixar segurança no Sahel nas mãos de mercenários

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