2021 foi o ano "mais antissemita da última década"

No dia em que se assinala o Dia Internacional do Holocausto organizações judaicas alertaram que 2021 "foi o ano mais antissemita da última década", com o aumento dos incidentes contra judeus em todo o mundo.

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Lusa
27/01/2022 10:17 ‧ 27/01/2022 por Lusa

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Dia Internacional do Holocausto

"A média de incidentes antissemitas em 2021 foi de mais de dez por dia. Mesmo assim, o número real é significativamente mais elevado porque as vítimas não fazem denúncias porque têm medo e por causa da falta de ação dos organismos responsáveis por fazerem cumprir a lei", assinalou a Organização Sionista Mundial (WZO) e a Agência Judia, com sede em Israel.

Hoje assinalam-se os 77 anos da libertação dos campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, pelo Exército Vermelho.

Mais de seis milhões de judeus, cidadãos de etnia cigana e prisioneiros políticos foram assassinados, de forma sistemática, pelo regime nazi no poder na Alemanha entre 1933 e 1945.

O relatório das duas organizações refere que os principais incidentes antissemitas consistem em atos de vandalismo, destruição e profanação de monumentos, registando também o aumento da propaganda difundida através de meios digitais e redes sociais. 

Os atos de violência física representam menos de um terço das atitudes antissemitas e não se registaram assassinatos por antissemitismo em 2021, indicam os dois organismos. 

"O antissemitismo não é novo, mas é um fenómeno que se reinventa. As comunidades judaicas de todo o mundo enfrentam os desafios de um crescente e mutável antissemitismo", disse Racheli Baratz-Rix, chefe do departamento de combate ao antissemitismo da WZO.

Por outro lado, a mesma responsável sublinha avanços, como a adoção, em muito países, da definição de antissemitismo da Aliança Internacional pela Memória do Holocausto e a aprovação de novas leis em diferentes países que proíbem símbolos que não respeitam a História. 

A WZO assinala a aprovação, no passado dia 20 de janeiro, pela Assembleia Geral da ONU (o único país a opor-se foi o Irão) de uma resolução proposta por Israel e Alemanha que condena a "negação e distorção" do Holocausto.

No dia 20 de janeiro assinalaram-se os 80 anos da Conferência de Wannsee, a reunião da hierarquia do regime nazi na qual se planificou a "Solução Final": o extermínio dos judeus na Europa. 

Os relatórios referem que em 2021 os atos antissemitas se intensificaram em maio, coincidindo com a escalada da tensão em Jerusalém Oriental e os confrontos bélicos com as milícias palestinianas de Gaza. 

Os dois organismos denunciam também manifestações que se verificaram em todo o mundo, especialmente na Europa, contra o confinamento sanitário, vacinas e restrições relacionados com a pandemia de covid-19 e que usaram a simbologia do Holocausto como a estrela amarela imposta pelos nazis.

A WZO repudia igualmente as "teorias de conspiração" que acusam os judeus de propagação da pandemia do novo coronavírus como forma de controlar o mundo.  

"Estas acusações foram dirigidas a judeus em posições chave como o diretor executivo da Pfizer e outros. O uso destes símbolos cria um fenómeno preocupante de banalização do Holocausto, cujo objetivo principal é desvalorizar a dimensão e singularidade históricas", lamentam as duas organizações. 

A Europa lidera em número de incidentes antissemitas, em 2021, com cerca de 50% dos casos, seguida dos Estados Unidos onde se registaram 30% de atos de discriminação e xenófobos contra judeus. 

"O mais surpreendente foi o Canadá e a Austrália onde houve um aumento dramático do número de incidentes antissemitas em relação a 2020", diz o relatório.

Os atos antissemitas aumentaram 100% em Nova Iorque, 60% em Los Angeles (Estados Unidos) e 49% no Reino Unido, de acordo com as estatísticas das autoridades policiais. 

Na Áustria, estes incidentes duplicaram na primeira metade de 2021 e na Alemanha ocorreu um aumento de 27% dos casos nas zonas leste do país (antiga República Democrática Alemã).

Na Rússia baixaram os números de atos antissemitas. 

Leia Também: Alemães comparam vacinas obrigatórias a Holocausto em protestos

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