"Um total de 46 países, de entre os 55 Estados-membros da União Africana, estão neste momento a passar pela quarta vaga de covid-19 e oito países estão na quinta vaga. Um total de 40 países reportaram a presença da variante Ómicron", anunciou o diretor do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, na conferência de imprensa semanal virtual, difundida a partir de Adis Abeba.
Nos últimos sete dias foram registados 238 mil novos casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 no continente, o que representa uma queda de cerca de 12% em relação à semana anterior.
"Ultrapassou-se um pico e começamos a observar uma queda", sublinhou Nkengasong. Em termos de mortes, na última semana foram registadas 2.300 mortes, o que representa também uma queda média de 19%.
Quanto ao período das últimas quatro semanas, o África CDC reportou hoje uma queda média do número de casos de infeção na ordem dos 5%, mas um aumento médio de 8% no número de mortes, o que Nkengasong considerou como "expectável".
"Esperamos nas próximas semanas começar a verificar um decrescimento no número de mortes", acompanhando a queda do número de casos de infeção que já se verifica, acrescentou o diretor do África CDC.
O continente reporta um total de 94,5 milhões de testes realizados desde o início da pandemia.
Relativamente à campanha de vacinação, África recebeu até agora um total de 580 milhões de doses de vacinas anti-covid e ministrou 64% das mesmas. O número da população africana totalmente vacinada é agora de 11%.
O Egito reporta uma taxa de vacinação completa de 24% da sua população elegível, Marrocos, 62%; África do Sul, 27%; Moçambique, 29%; e Nigéria, 2,5%, de acordo com a síntese apresentada pelo diretor do África CDC.
Confrontado com a atual percentagem de vacinação de apenas 11% da população africana, Nkengasong foi convidado a confirmar o objetivo fixado pelo África CDC de vacinar 70% dos 1,3 mil milhões de habitantes do continente até ao final do ano, o que o diretor da entidade coordenadora das políticas de saúde pública da UA manteve.
John Nkengasong começou por sublinhar que a vacinação de 70% da população africana elegível é um "objetivo programático", mas, "se a tendência se mantiver, 2022 deve ser o ano em que o vamos mesmo alcançar", disse.
Quanto ao tratamento da doença, em resposta a uma questão da Lusa, o diretor do África CDC disse que o organismo tem estado a trabalhar com a Pfizer para "garantir o fornecimento" do medicamento que está a ser desenvolvida pela farmacêutica. "Estas discussões não são rápidas, mas estamos na direção certa", disse.
"Também iniciámos conversações com a Merck, por forma a percebermos como poderemos ter acesso ao medicamento que eles estão a desenvolver. Estamos abertos a estabelecer compromissos com quaisquer empresas disponíveis para trabalhar connosco para tornar os remédios acessíveis ao continente", acrescentou Nkengasong.
Os responsáveis da União Africana e as farmacêuticas estão a prosseguir a "via mais simples", que é a de tentarem "estabelecer uma pré-encomenda e um acordo que normalize o preço, muito semelhante aos acordos de pré-encomenda relativos às vacinas", explicou o diretor do Africa CDC.
"As discussões com a Pfizer estão mais avançadas, já tivemos vários encontros nas últimas semanas, esta semana vamos estar com a Merck. Assim que tivermos quaisquer acordos disponibilizaremos essa informação", concluiu.
A covid-19 provocou 5.614.118 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A nova variante Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.
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