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Intimidação a jornalistas na China piora, diz relatório

Segundo o relatório, uma percentagem esmagadora de jornalistas disse ter sido intimidado ou assediado por autoridades chinesas.

Intimidação a jornalistas na China piora, diz relatório

Um relatório do Clube de Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC), publicado esta segunda-feira e referente ao ano passado, concluiu que a intimidação do governo chinês contra os jornalistas está a aumentar e a surtir efeitos, com pelo menos seis jornalistas a abandonar o país em 2021.

"O FCC realça este desenvolvimento com preocupação, à medida que estrangeiros envolvidos em queixas-crime e processos judiciais na China podem ser proibidos de sair do país", diz o relatório.

A percentagem de jornalistas que se sente intimidado é esmagadora: é concluído que "99% dos jornalistas no questionário deste ano disse que as condições para reportar não atingiram aquilo que é considerado um standard internacional".

"Nada substituiu a presença no terreno, livre da obstrução e vigilância do Estado. No entanto, 62% dos inquiridos disse que foram obstruídos pelo menos uma vez. Mais de um quarto dos inquiridos disse que as suas fontes foi assediada, detida ou questionada pela polícia mais do que uma vez", acrescenta.

Os métodos das autoridades chinesas começam no meio digital, através do 'trolling' (insultos, ameaças ou gozo nas redes sociais) e da pirataria a computadores pessoas. Depois vêm as agressões físicas e a intimidação verbal, e depois os processos e a revogação de passaportes,

A pressão e o medo imposto pelo governo de Xi Jinping levou a que, pelo menos, seis jornalistas abandonassem o país. Dois jornalistas de meios internacionais estão presos há mais de um ano.

E não é só o Estado que intimida jornalistas. Graças a uma continuada campanha de diabolização da imprensa livre, jornalistas têm sido confrontados com civis, tanto nos locais onde tentam noticiar, como nas redes sociais.

"Depois de um blog ligado ao Estado ter descrito várias vezes a minha cobertura como 'ilegal', centenas de contas chinesas nas redes sociais começaram a publicar a minha fotografia, com comentários a dizer "batam-lhe até à morte" e a descrever "atos sexuais", descreveu ao The Guardian a correspondente da NPR, Emily Feng.

Cerca de um quarto dos inquiridos também admite que foram alvo de campanhas de descredibilização nas redes sociais.

A situação piora em Xinjiang, uma zona onde os campos de concentração de uígures e a constante vigilância, tentativas de reeducação e opressão contra essa minoria étnica muçulmana tem criado fortes divergências diplomática entre a China e o resto do mundo.

O relatório acrescenta que "88% dos que viajaram para essa região em 2021 disse que foi visivelmente seguido por seguranças" e "35% foi questionado ou obrigado a apagar ficheiros, como fotos ou vídeos tirados em Xinjiang".

Em 2019, uma reportagem da VICE News apanhou um destes momentos de intimidação em direto, através de uma outra câmara escondida.

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