PAIGC repudia "qualquer tentativa de alteração da ordem constitucional"
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) repudiou hoje de "forma veemente qualquer tentativa de alteração da ordem constitucional" na Guiné-Bissau e rejeitou "formulações rudimentares", em alusão aos ataques à sede do Governo, na terça-feira.
© Lusa
Mundo Guiné-Bissau
Em comunicado de imprensa, a que a Lusa teve acesso, o PAIGC disse ter acompanhado com "surpresa e estupefação" os ataques à sede do Governo, lamenta as mortes ali ocorridas, "supostamente inocentes", e ainda sublinha o falecimento, em consequência do sucedido, de um dos seus militantes.
"O PAIGC vem registar, através deste comunicado, o facto de este acontecimento bárbaro ter ocorrido num período que já vinha sendo de profunda crise", observa o partido, aludindo às contestações à recente remodelação governamental, que não foi bem aceite pelos partidos que partilham o Governo.
O partido liderado pelo antigo primeiro-ministro Domingos Simões Pereira exige um "inquérito detalhado" sobre as circunstâncias em que se deram os ataques à sede do Governo, afirmando não aceitar "formulações redundantes" e desta forma permitir a responsabilização dos implicados.
Vários tiros foram ouvidos na terça-feira junto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
A tentativa de golpe de Estado já foi condenada pela União Africana, pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), através da presidência angolana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por Portugal e por vários outros países.
Em declarações aos jornalistas ao início da noite de terça-feira, no Palácio da Presidência, o Presidente guineense afirmou ter-se tratado de um "ato bem preparado e organizado" que poderá também estar ligado a "gente relacionada com o tráfico de droga".
O ataque provocou pelo menos seis mortos e quatro feridos, segundo fontes militares e médicas.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.
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