"Acontecem factos à luz do dia. Pessoas encapuzadas com armas entrarem numa estação mostra que estamos perante um perigo, há uma ameaça clara ao exercício livre e independente do jornalismo na Guiné-Bissau, mostra que há uma campanha contra a liberdade de imprensa e de expressão", afirmou Indira Correia Baldé, presidente do Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social.
As instalações da Rádio Capital, em Bissau, ficaram na segunda-feira totalmente destruídas na sequência de um ataque perpetrado por um grupo de homens armados, que provocou cinco feridos.
"Pedimos aqui de viva voz à comunidade internacional que dê a cara e que continue a apoiar a Guiné-Bissau e os profissionais de comunicação social", disse Indira Correia Baldé, em conferência de imprensa na Casa dos Direitos, em Bissau.
A presidente do Sindicato de Jornalistas referiu que a Guiné-Bissau é um "país democrático" e que a "base da sua democracia é a voz da população", que tem um único veículo para se fazer ouvir que são os órgãos de comunicação social.
"Os profissionais da comunicação social têm de dizer basta. Nós somos jornalistas porque queremos e gostamos de fazer este trabalho, precisamos de proteção e segurança para fazer o nosso trabalho", afirmou, acrescentando que quem se sentir incomodado deve fazer como "no mundo civilizado" e ir a tribunal.
Indira Correia Baldé questionou também afirmações do Ministério do Interior, que indicam que o ataque à rádio se tratou de um "ato isolado".
A presidente do Sindicato de Jornalistas disse que o mesmo Estado, que deve garantir a segurança a todos os cidadãos, vem dizer que um ataque à luz do dia com "armas do Estado" é um ato isolado.
"O Estado é responsável pelas armas. Como é que as armas saem contra a população? Queremos ver a investigação chegar até ao fim", disse, exigindo a responsabilização dos autores do ataque.
"Exigimos respeito, segurança e proteção", reiterou.
Cinco pessoas, entre jornalistas, técnicos e pessoal administrativo, ficaram com ferimentos na sequência do ataque às instalações da Rádio Capital, que aconteceu quase uma semana depois de uma tentativa de golpe de Estado.
Na segunda-feira, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) português apelou "à investigação e responsabilização dos autores do atentado contra a Rádio Capital FM" e lembrou que "um ataque a um órgão de comunicação social é um ataque à liberdade de imprensa, tida como um dos pilares da democracia em qualquer nação que escolha este regime de organização política, como é o caso da Guiné-Bissau".
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