"O objetivo foi alcançado", disse o Palácio do Eliseu (Presidência), citado pela agência de notícias France-Presse (AFP), sobre os encontros que Macron manteve em Moscovo, Kiev e Berlim, referindo que não se deviam esperar "ganhos imediatos".
Desde segunda-feira, Emmanuel Macron falou sobre a crise na Ucrânia com os líderes da Rússia, Ucrânia, Polónia, Alemanha, e dos três países bálticos - Estónia, Letónia e Lituânia.
Segundo a mesma fonte não identificada do Eliseu, Macron pretendeu "permitir a todos fazer uma pausa e considerar formas de desescalar (...) numa altura de tensão crescente" na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
"Abrimos perspetivas, tivemos elementos que tornam possível prever soluções interessantes para os problemas de hoje", disse a Presidência francesa, segundo a AFP.
Em França, a candidata presidencial da extrema-direita Marine Le Pen acusou hoje Macron de se ter apresentado em Moscovo como o "secretário" da NATO e da União Europeia, neste caso por Paris presidir atualmente ao Conselho da UE.
Ainda à extrema-direita, Éric Zemmour também criticou Macron, que ainda não anunciou a recandidatura à Presidência francesa, mencionando a falta de confiança do Presidente russo, Vladimir Putin, no chefe de Estado francês.
A candidata de direita Valérie Pécresse disse querer que Paris lidere uma nova relação europeia com a Rússia e, à esquerda, Jean-Luc Melenchon disse querer a França como um país não-alinhado entre Washington e Moscovo.
A imprensa internacional também deu conta de algumas dúvidas sobre o sucesso dos contactos de Macron, com o britânico The Guardian a reproduzir um desmentido do porta-voz do Kremlin (Presidência russa) sobre alegadas concessões de Putin.
"A França é um país líder na UE, a França é um membro da NATO, mas Paris não é o líder. Neste bloco, é um país muito diferente que está no comando. De que acordos [para resolver a crise russo-ucraniana] podemos então falar?", comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Uma fonte não identificada do Eliseu disse à agência espanhola EFE que Macron "não mostrou fraqueza" perante Putin, quando se encontraram na segunda-feira, em Moscovo.
"Não há nenhuma fraqueza da parte de Macron em relação à Rússia. Basta recordar o que Putin disse após a reunião: que Macron tinha insistido muito" para alcançar compromissos concretos durante a reunião de cinco horas em Moscovo, disse a fonte da Presidência à EFE.
Paris, segundo a AFP, considera "muito importante" que prossigam as negociações relativas à aplicação dos acordos de Minsk, de 2015, sobre a guerra no Donbass, no Leste da Ucrânia, que já provocou 14.000 mortos desde 2014, de acordo com a ONU.
Negociadores ucranianos, russos, franceses e alemães vão reunir-se na quinta-feira, em Berlim, no âmbito do chamado Formato Normandia, em que participam os quatro países.
Os conselheiros políticos dos líderes da Ucrânia, Rússia, França e Alemanha já se tinham reunido em 26 de janeiro, em Paris, mas sem resultados visíveis.
O Eliseu também disse à AFP que, no encontro com Macron, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, "reiterou o seu compromisso de implementar os acordos de Minsk".
O Ocidente acusa a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira da Ucrânia para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
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