Covid-19. Liderança política foi eficaz mas faltou apoio internacional

O diretor do Centro Africano de Prevenção e Controlo de Doenças (África CDC) considerou hoje que o continente africano teve uma "liderança política notável" durante a pandemia, mas lamentou a falta de apoio da comunidade internacional.

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Lusa
10/02/2022 12:25 ‧ 10/02/2022 por Lusa

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Coronavírus

"O maior caso de sucesso foi que em apenas uma semana depois da notícia do primeiro caso, a liderança política do continente juntou-se para uma cimeira de todos os ministros da saúde, foi a primeira vez que conseguimos fazer isso numa semana, e daí saiu uma estratégia continental concreta", disse John Nkengasong.

Questionado pela Lusa durante a conferência de imprensa semanal sobre o balanço que faz da resposta africana à pandemia de covid-19 desde o primeiro caso, registado a 14 de fevereiro no Egito, o médico camaronês mostrou-se satisfeito com os resultados.

"Conseguimos cooperar, coordenar, comunicar e colaborar de forma eficaz desde o princípio; quando os ministros saíram de Adis Abeba, havia clareza na ação, e alguns países foram muito rápidos a tomar medidas drásticas, com um caso, entraram logo em estado de emergência, e isso atrasou a propagação do vírus", lembrou Nkengasong.

"A segunda história de sucesso desta pandemia foi a inovação, estabelecemos dez iniciativas diferentes, incluindo a plataforma para as matérias primas, o fundo africano para a aquisição de vacinas e o pacto para acelerar a testagem, muitas coisas boas aconteceram no continente", destacou.

Por outro lado, entre os aspetos que correram mal na gestão da pandemia, o diretor do Africa CDC apontou a falta de colaboração da comunidade internacional.

"O que não correu bem foi a colaboração geral da comunidade internacional para ter acesso a meios de diagnóstico, a vacinas e a equipamento pessoal de proteção, isso foi um desafio no princípio, porque mesmo que os países africanos tivessem dinheiro, em abril e março de 2020 não havia maneira de ter meios de diagnóstico", afirmou.

A falta de vacinas foi uma das principais preocupações face às avultadas compras garantidas pelos países mais ricos, e ainda hoje África é dos continentes onde a taxa de vacinação é menor, estando ligeiramente acima dos 10%.

"Tudo isto mostrou-nos que o continente estava muito mal preparado e estamos muito contentes com a liderança política exercida desde 2020 e que foi notável, eficaz e muito presente", afirmou Nkengasong, concluindo: "Esperamos e estamos muito confiantes que esse nível de liderança política vá continuar".

A covid-19 provocou pelo menos 5.761.646 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.

Leia Também: Covid-19. Última vaga não sobrecarregou hospitais de Cabo Verde

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