"O maior caso de sucesso foi que em apenas uma semana depois da notícia do primeiro caso, a liderança política do continente juntou-se para uma cimeira de todos os ministros da saúde, foi a primeira vez que conseguimos fazer isso numa semana, e daí saiu uma estratégia continental concreta", disse John Nkengasong.
Questionado pela Lusa durante a conferência de imprensa semanal sobre o balanço que faz da resposta africana à pandemia de covid-19 desde o primeiro caso, registado a 14 de fevereiro no Egito, o médico camaronês mostrou-se satisfeito com os resultados.
"Conseguimos cooperar, coordenar, comunicar e colaborar de forma eficaz desde o princípio; quando os ministros saíram de Adis Abeba, havia clareza na ação, e alguns países foram muito rápidos a tomar medidas drásticas, com um caso, entraram logo em estado de emergência, e isso atrasou a propagação do vírus", lembrou Nkengasong.
"A segunda história de sucesso desta pandemia foi a inovação, estabelecemos dez iniciativas diferentes, incluindo a plataforma para as matérias primas, o fundo africano para a aquisição de vacinas e o pacto para acelerar a testagem, muitas coisas boas aconteceram no continente", destacou.
Por outro lado, entre os aspetos que correram mal na gestão da pandemia, o diretor do Africa CDC apontou a falta de colaboração da comunidade internacional.
"O que não correu bem foi a colaboração geral da comunidade internacional para ter acesso a meios de diagnóstico, a vacinas e a equipamento pessoal de proteção, isso foi um desafio no princípio, porque mesmo que os países africanos tivessem dinheiro, em abril e março de 2020 não havia maneira de ter meios de diagnóstico", afirmou.
A falta de vacinas foi uma das principais preocupações face às avultadas compras garantidas pelos países mais ricos, e ainda hoje África é dos continentes onde a taxa de vacinação é menor, estando ligeiramente acima dos 10%.
"Tudo isto mostrou-nos que o continente estava muito mal preparado e estamos muito contentes com a liderança política exercida desde 2020 e que foi notável, eficaz e muito presente", afirmou Nkengasong, concluindo: "Esperamos e estamos muito confiantes que esse nível de liderança política vá continuar".
A covid-19 provocou pelo menos 5.761.646 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.
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