Sergii Nykyforov, porta-voz do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse à agência de notícias ucraniana UNIAN que "o caminho euro-atlântico continua a ser uma prioridade incondicional" para a Ucrânia.
"Este caminho não só está consagrado na Constituição, como também foi adotado com o pleno consentimento do Governo e da sociedade", sublinhou.
Hoje de manhã, em declarações à estação pública britânica BBC, o embaixador ucraniano em Londres, Vadym Prystaiko, indicou que o seu país seria "flexível" quanto ao seu objetivo de ingressar na Aliança Atlântica, sublinhando que a Ucrânia é um país "responsável", após o Presidente russo, Vladimir Putin, ameaçar entrar num conflito armado.
"Podemos (não aderir), especialmente a ser ameaçados assim, intimidados assim", disse Prystaiko, quando questionado se Kiev mudaria a sua posição de integrar a NATO.
Sergii Nykyforov enfatizou que o embaixador usou a palavra "flexibilidade" e que este deve ter a oportunidade de explicar o que quis dizer antes de serem retiradas conclusões, especialmente por serem declarações tão "sonantes", nomeadamente sobre um potencial abandono por parte da Ucrânia do caminho euro-atlântico.
Por sua vez, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Oleg Nikolenko, disse à UNIAN que as palavras do embaixador "foram retiradas do contexto".
Nikolenko disse que Prystaiko mencionou o facto de que as perspetivas de adesão da Ucrânia à NATO estão consagradas na Constituição, mas que a Ucrânia ainda não é membro da Aliança Atlântica ou de qualquer outra aliança de segurança.
Prystaiko, segundo o porta-voz da diplomacia ucraniana, destacou que a ameaça à Ucrânia está presente "aqui e agora" e, como tal, a procura de uma resposta para a questão da segurança tornou-se uma tarefa urgente e fundamental para o país.
"É claro que, pelo bem da paz e para salvar a vida dos nossos cidadãos, a Ucrânia está pronta para entrar em qualquer formato de diálogo com países e organizações internacionais", disse ainda o porta-voz.
A tensão entre Kiev e Moscovo aumentou desde novembro passado, depois de a Rússia ter estacionado mais de 100.000 soldados perto da fronteira ucraniana, o que fez disparar alarmes na Ucrânia e no Ocidente, que denunciou os preparativos para uma invasão daquela ex-república soviética.
Em dezembro, a Rússia exigiu garantias de segurança por parte dos Estados Unidos e da NATO para impedir que a Aliança Atlântica se expandisse mais para o leste e estacionasse armas ofensivas perto de suas fronteiras.
Moscovo escreveu recentemente uma carta a todos os países membros da NATO e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) pedindo-lhes que se posicionassem sobre o que entendem por segurança indivisível na Europa.
Apesar dos esforços diplomáticos, a diminuição da escalada militar e da tensão não foi alcançada até agora.
A Rússia alega que tem o direito soberano de estacionar tropas em qualquer lugar de seu território e, por sua vez, denuncia o fornecimento massivo de armas à Ucrânia pelo Ocidente.
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