Bolsonaro diz que não aconselhou Putin sobre a situação na Ucrânia
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou hoje em Moscovo que não aconselhou o seu homólogo russo, Vladimir Putin, sobre as tensões que envolvem a Rússia e a Ucrânia, mas salientou que o Brasil é um país pacifista.
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Mundo Ucrânia
"Não dou conselho a ninguém e a própria natureza do Brasil é a de um país pacifista. No mundo, vários países têm seus problemas regionais e aqui há um problema. Somos solidários, independente do país, [esperamos] que o caminho, que a solução dessas questões seja pacífica", disse Bolsonaro durante a sua visita ao parlamento russo.
O chefe de Estado brasileiro admitiu que a sua visita à Rússia, durante as atuais tensões que aquele país mantém na fronteira com a Ucrânia, gerou algum desconforto em outras nações.
"O Brasil é um país soberano, mas tivemos a informação de que alguns países queriam que a reunião não acontecesse e que algo poderia acontecer com a nossa presença aqui, mas pela leitura que tenho de Vladimir Putin, ele é uma pessoa que também busca a paz", afirmou Bolsonaro.
Para o Presidente brasileiro, "qualquer tipo de conflito não interessa a ninguém no mundo" e "tudo indica que o caminho para uma solução pacífica está presente neste momento".
"Tínhamos nossas agendas e, por coincidência ou não, parte das tropas [russas] deixaram a fronteira com a Ucrânia (...) Nossa missão aqui é comércio e paz", acrescentou Bolsonaro.
Mais cedo, em declaração conjunta à imprensa no Kremlin, Putin e Bolsonaro defenderam a formação de um mundo multipolar, sob os princípios multilaterais das Nações Unidas e do direito internacional, e manifestaram solidariedade aos países comprometidos com a paz, embora nenhum tenha abordado as tensões na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
No comunicado, Bolsonaro agradeceu a Putin pela solidariedade com as vítimas da tragédia causada pelas chuvas na cidade de Petrópolis, no estado brasileiro do Rio de Janeiro, que já deixou mais de 60 mortos, e ainda lembrou que quando alguns países questionaram que a Amazónia deveria ser património mundial, o líder russo defendeu a soberania do Brasil.
Durante sua visita oficial à Rússia, Bolsonaro destacou a necessidade de retomar o comércio bilateral aos níveis antes da pandemia de covid-19, principalmente com o agronegócio brasileiro, e trocas de experiência em diversas áreas.
Há uma intensa relação comercial entre os dois países, com saldo claramente favorável à Rússia, que em 2021 exportou produtos no valor de 5,7 mil milhões de dólares (cerca de 5 mil milhões de euros) para o Brasil, dos quais 60% corresponderam a operações de fertilizantes.
As exportações do Brasil para a Rússia, também no ano passado, somaram 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de dólares) e foram compostas, sobretudo, por produtos alimentares.
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