"Este é um momento político importante. Todas estas reuniões têm sido marcos importantes e muitas outras também desempenharam um papel fundamental para nos ajudar a pensar a nossa parceria e a criar um novo paradigma", declarou Charles Michel.
Falando na cerimónia de abertura da cimeira UE-UA, que decorre até sexta-feira em Bruxelas, o líder do Conselho Europeu vincou "esta reunião deve ser um importante passo em frente para selar a renovada relação estratégica" entre os dois continentes".
"Não estamos aqui para fazer o que sempre fizemos. Partilhamos geografia, linguística, laços humanos, laços interpessoais, laços económicos e culturais, e temos uma história comum, com êxitos e também com dor. [...] Não podemos mudar o passado e, por isso, temos de reconhecer e compreender o que aconteceu e retirar daí as devidas lições para que, juntos, possamos conceber juntos um futuro mais robusto e mais sólido", salientou Charles Michel.
Falando em representação da UE, o presidente do Conselho Europeu vincou ser "neste espírito que os líderes europeus estão hoje aqui".
"Vemos o continente africano como um ator dinâmico do continente, um verdadeiro ator do século XXI e um excelente parceiro para a Europa, e estamos aqui nesta cimeira para tentar trabalhar em conjunto na elaboração de um espaço de prosperidade, estabilidade e segurança", adiantou Charles Michel.
Após esta cerimónia de abertura, os membros irão passar a mesas redondas temáticas.
Líderes europeus e da UA reúnem-se entre hoje e sexta-feira em Bruxelas, na sexta cimeira UE-África, sucessivamente adiada devido à pandemia, que visa revitalizar uma parceria ameaçada pela presença russa e chinesa no continente africano.
Esta cimeira UE-UA, originalmente prevista para 2020, pode finalmente ter lugar face à evolução da situação pandémica, que permite a presença em Bruxelas de cerca de sete dezenas de chefes de Estado e de Governo dos dois continentes.
Quase cinco anos depois da anterior reunião de líderes da UE e UA, celebrada em Abidjan em 2017, Bruxelas acolhe a VI cimeira, que contará com a participação de cerca de 70 delegações ao mais alto nível dos Estados-membros das duas organizações, incluindo Portugal e os países africanos de língua portuguesa (PALOP).
Os países africanos lusófonos estão todos representados ao mais alto nível na cimeira, como os chefes de Estado da Guiné-Bissau, Moçambique e de São Tomé e Príncipe, o vice-presidente de Angola e o primeiro-ministro de Cabo Verde.
Além dos 27 chefes de Estado e de Governo da UE, entre os quais António Costa, e dos mais de 40 líderes dos países membros da UA que confirmaram a presença na cimeira, participarão vários "convidados externos", das mais diversas organizações, incluindo os diretores-gerais da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, da Organização Mundial do Comércio (OMC), a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, e da Organização Internacional para Migrações (OIM), o português António Vitorino.
Ausentes estarão quatro países que a União Africana suspendeu e não convidou para a cimeira de Bruxelas, dado terem sido palco de golpes de Estado, designadamente Burkina Faso, Mali, Sudão e Guiné-Conacri.
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