Ucrânia. Presidente Zelenski pede calendário claro para adesão à NATO
O presidente ucraniano pediu hoje um calendário claro para uma possível adesão à NATO e uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas face à escalada de tensão militar com a Rússia.
© Lusa
Mundo Ucrânia
Numa intervenção numa conferência internacional em Munique, Volodímir Zelenski pediu ainda aos países ocidentais para acabarem com o que chamou "política de apaziguamento" da Rússia, com cujo Presidente, Vladimir Putin, propôs um encontro.
"Não sei o que quer o presidente russo, eis porque proponho que nos encontremos", declarou.
Zelenski afirmou que, "nas próximas semanas, é preciso procurar novas garantias de segurança para a Ucrância com os países do Conselho de Segurança e com a participação da Europa, Alemanha e Turquia".
Pediu ainda um calendário "claro e exequível" com vista à adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica, reclamando do Ocidente um roteiro para esse fim.
"Deram à Ucrânia garantias de segurança quando renunciou às suas armas nucleares, deixando de ser a terceira potência nuclear mundial. Não temos essas armas nem temos segurança, mas temos o direito de exigir que acabe a política de apaziguamento e garantias de segurança e de paz", argumentou.
Questionou se a comunidade internacional aprendeu alguma coisa com as duas guerras mundiais e apelou a que atue urgentemente se quiser evitar uma terceira.
"A Ucrânia pede paz. A Europa pede paz. A Rússia diz que não quer atacar. Alguém está a mentir", declarou, considerando que "a arquitetura de segurança" mundial está danificada e que é preciso uma nova.
"Diz-se que as portas da NATO estão abertas, o que está muito bem, mas não há passos concretos", afirmou Zelenski, depois de ter ouvido o chanceler alemão, Olaf Scholz, declarar que a adesão da Ucrânia à NATO não está na ordem do dia e que seria absurdo a Rússia partir para a guerra por causa dessa perspetiva.
Mas Zelenski insistiu que o mundo deve estar ciente do que considera serem as verdadeiras intenções de Putin e recordou a anexação da Crimeia em 2014.
"Há alguns anos Vladimir Putin desafiou a ordem mundial com um discurso nesta conferência. O mundo reagiu apaziguando-o. O apaziguamento levou à invasão da Crimeia", invocou.
O Presidente ucraniano garantiu que o seu país está consciente do que se passa, de que a ameaça de guerra é real e que está disposto a defender-se, mas sem responder a "provocações, o que faria o perigo ser muito maior".
A Conferência de Segurança de Munique é uma plataforma informal em que se discutem temas estratégicos entre altos responsáveis de vários países.
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.
Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.
Os líderes dos separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, decretaram hoje a mobilização geral para fazer face a este aumento da violência.
Os observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informaram na sexta-feira que as violações do cessar-fogo na região registaram um "aumento significativo", com mais de 800 violações só na sexta-feira, mais do triplo da média do último mês.
Leia Também: Ucrânia. Projéteis explodem perto do ministro do Interior no terreno
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com