"Não vamos especular. De momento, não estamos a planear enviar nada para lado nenhum", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Andrei Rudenko, à agência de notícias russa Interfax, quando questionado sobre o envio de uma possível ajuda militar para Donetsk e Lugansk.
Rudenko assinalou que a Rússia pode recorrer ao envio de tropas, com base no tratado de assistência mútua ratificado hoje pelas partes, caso surja uma ameaça contra Donetsk e Lugansk.
"Se houver uma ameaça, é claro que forneceremos assistência de acordo com o tratado que foi ratificado", declarou Rudenko.
Os textos dos acordos bilaterais entre Moscovo e as duas repúblicas separatistas também implicam a proteção conjunta das suas fronteiras com a Rússia e a possibilidade de uso de bases militares e de infraestruturas militares.
Um dos artigos dos tratados estabelece expressamente que, para garantir a segurança, a paz e a estabilidade, cada uma das partes concederá à outra o direito de construir, usar e melhorar as suas infraestruturas militares e bases militares nos respetivos territórios.
As formas de execução deste direito estarão sujeitas a outros acordos separados.
Além disso, as partes poderão tomar as medidas à sua disposição para combater em conjunto "contra atos de agressão de outros países ou grupos de países" e para prestar uma assistência mútua caso seja necessária, incluindo assistência militar.
Os signatários dos documentos também poderão realizar consultas urgentes "quando uma das partes considerar que há uma ameaça de ataque" para garantir conjuntamente a segurança da parte ameaçada, segundo o mesmo documento.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje que a Rússia "continua aberta ao diálogo" sobre a crise na Ucrânia
"Mas queremos saber sobre o que vamos dialogar. Se for apenas para humilhar a Rússia e culpá-la de tudo, não haverá diálogo", disse Lavrov.
O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as regiões separatistas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste), e ordenou a entrada das forças armadas russas naqueles territórios ucranianos numa missão de "manutenção da paz".
A decisão de Putin foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Nesse ano, começou a guerra no Donbass entre os ucranianos e os separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk apoiados por Moscovo, que provocou, desde então, mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.
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