Segundo revelaram à agência France Presse (AFP) fontes diplomáticas, o projeto de resolução está fadado ao fracasso, devido ao direito de veto que a Rússia tem no Conselho de Segurança, enquanto membro permanente.
Mas para Washington, o uso desse veto pelos russos no Conselho de Segurança da ONU, marcado para as 20:00 de sexta-feira, demonstrará "o isolamento de Moscovo" no cenário internacional.
A votação de um texto semelhante deverá ocorrer na Assembleia Geral das Nações Unidas, onde as resoluções não são vinculativas e onde o direito de veto não existe entre seus 193 membros.
Segundo a resolução, divulgada pela AFP, o Conselho condenaria "nos termos mais duros possíveis a agressão da Rússia" e as violações à soberania e integridade territorial da Ucrânia e exigiria "que a Federação Russa retire, de forma imediata, completa e incondicional, as suas forças".
Este cenário já ocorreu após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. Moscovo vetou o projeto no Conselho de Segurança, enquanto a China se absteve e os outros 13 membros votaram a favor.
Depois, na Assembleia Geral, dos 193 membros, o projeto de resolução obteve 100 votos a favor, com 11 países a votarem contra e 58 a absterem-se, enquanto os restantes não participaram na votação.
Segundo a fonte diplomática europeia, a grande diferença face a 2014 é a "magnitude" da situação atual.
"Existe o risco de um grande conflito, de uma grande guerra. O pior cenário é o de uma espécie de operação militar, do tipo Segunda Guerra Mundial, que naturalmente causaria muitas baixas civis", alertou o diplomata.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
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