Draghi confirmou que a Itália está preparada para mobilizar inicialmente 1.400 homens e mulheres do exército, marinha e força aérea, e, mais tarde, 2.000 soldados adicionais, para atuarem na "zona de responsabilidade da NATO".
Várias centenas de soldados italianos já estão destacados na Lituânia e na Roménia.
"A Itália e a NATO querem enviar uma mensagem de unidade e solidariedade à causa ucraniana e à defesa da arquitetura de segurança europeia", explicou o primeiro-ministro italiano, numa comunicação no Parlamento.
"A nossa prioridade deve ser fortalecer a segurança do nosso continente e exercer a maior pressão sobre a Rússia para que retire as suas tropas e volte à mesa de negociações", disse Draghi.
O chefe de Governo italiano também anunciou uma ajuda de 110 milhões de euros à Ucrânia, "para fins humanitários e estabilização macrofinanceira", bem como ajuda em equipamentos militares "em particular no setor de desminagem e fornecimento de equipamento de proteção".
Draghi disse ainda que o seu Governo está a trabalhar para lidar com uma possível crise energética, na sequência da invasão russa na Ucrânia, que deverá afetar economicamente a Itália, tendo em conta a elevada dependência do gás russo.
O primeiro-ministro italiano disse que estão a ser estudadas as reaberturas de centrais de energia a carvão.
"Esperamos que esses planos não sejam necessários. Mas não podemos ser apanhados desprevenidos", disse Draghi.
O chefe do Governo italiano anunciou que as medidas de emergência em estudo "incluem a maior flexibilização no consumo de gás, suspensões no setor industrial e regras sobre o consumo de gás no setor termoelétrico, onde também há medidas de redução".
Draghi lembrou que, hoje, cerca de 45% do gás importado pela Itália vem da Rússia, contra 27% há dez anos.
O Governo italiano também pretende trabalhar para aumentar os fluxos de gasodutos que não estão em sobrecarga, como o TAP do Azerbaijão, o TransMed da Argélia e da Tunísia e o Green Stream da Líbia.
Draghi admitiu que poderá ser "necessário reabrir as centrais a carvão, para colmatar imediatamente eventuais deficiências", apesar de essas centrais terem sido encerradas devido ao seu enorme impacto ambiental.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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