"Nós, como políticos, não somos capazes de controlar a imprensa livre no Reino Unido, e isso é uma coisa boa, e todas as organizações e empresas que operam a infraestrutura e a rede que transmite o Russia Today estão sediadas na UE. Assim, a UE soube utilizar as suas sanções, com toda a razão, para encerrar aquela rede de empresas e o satélite utilizado, que estava sobre o Luxemburgo", explicou a ministra da Cultura, Nadine Dorries.
Dorries tinha pedido que a licença de transmissão fosse reavaliada junto do regulador britânico do setor dos 'media' (Ofcom), que abriu 27 investigações por falta de imparcialidade da RT na cobertura da invasão russa da Ucrânia, mas recusou intervir diretamente em nome da "liberdade de expressão".
O deputado do Partido Nacionalista Escocês (SNP), Chris Law, criticou o Governo de "inação" e de ter deixado a RT e a agência de notícias Sputnik continuar a "espalhar mentiras".
"Desde o momento em que (o Presidente russo Vladimir) Putin começou a invasão, fui muito clara que [o canal] não devia ser capaz de explorar a nossa comunicação social aberta e livre para espalhar propaganda tóxica nos lares britânicos", vincou a ministra da Cultura.
A representante disse ter ficado "satisfeita" por ver que a estação estatal russa deixou de estar disponível nas plataformas de cabo e televisão digital Sky, Freeview e Freesat, além do YouTube, e referiu que "implorou" à Meta, proprietária das redes sociais Facebook e Instagram, e à TikTok para bloquearem a RT.
O Governo britânico tem sido criticado pela oposição pelo atraso em impor sanções em comparação com os aliados norte-americanos e europeus.
O Reino Unido impôs sanções a apenas alguns oligarcas russos acusados de ligações com o Kremlin que possuem ativos no país, estando sob pressão para adicionar mais nomes, incluindo o ainda proprietário do clube de futebol Chelsea, Roman Abramovich, que anunciou na quarta-feira planos para vender o clube e tem propriedades no valor de milhões de libras.
Deputados da oposição instaram o Governo britânico a confiscar as mansões aos oligarcas russos no Reino Unido e a utilizar esses imóveis para abrigar refugiados ucranianos.
O Governo prometeu que mais indivíduos serão punidos, mas não disse quando, rejeitando que o atraso esteja a dar tempo aos oligarcas para retirarem ou venderem ativos do Reino Unido, um país que nos últimos anos atraiu muito investimento russo.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já causaram mais de um milhão de refugiados, que fugiram para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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