Confrontos tribais no Darfur provocam mais 17 mortos
Pelo menos 17 civis foram mortos em confrontos tribais recentes em Darfur, disse hoje o porta-voz da Coordenação Geral para Refugiados e Deslocados da região ocidental do Sudão, regularmente atormentada por disputas sobre terra e água.
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Mundo Darfur
Estas mortes elevam para cerca de 40 o número de mortos numa semana em resultado de lutas tribais na região de Darfur.
Os últimos confrontos ocorreram na passada quinta-feira na região montanhosa de Jebel Moun, no Darfur Ocidental, que faz fronteira com o Chade.
Deixaram 17 pessoas mortas e "dezenas de feridos e desaparecidos", informou Adam Rejal, porta-voz da agência sudanesa para os refugiados e deslocados em Darfur, que também informou que quatro aldeias tinham sido "completamente queimadas".
Rejal acusou os Janjaweed - milicianos árabes, milhares dos quais se juntaram às Forças de Apoio Rápido (RSF) agora integradas no poder militar em vigor desde o golpe militar no Sudão em outubro último -- de serem os autores do massacre.
A somar aos 17 mortos desta quinta-feira, entre sábado e a segunda-feira anteriores, 16 pessoas foram mortas em confrontos entre uma tribo árabe e membros de um grupo étnico africano em Jebel Moun, de acordo com o Comité Central de Médicos do Sudão, em Cartum.
Rejal deixou o alerta de que "novos ataques podem acontecer".
Os confrontos entre pastores árabes e agricultores africanos por disputas de terra ou acesso à água fizeram 250 mortos no Darfur entre outubro e dezembro, de acordo com o sindicato de médicos.
A vasta região ocidental do Sudão é palco de um conflito sangrento que, desde 2003, matou pelo menos 300.000 pessoas -- 400.000 de acordo com um grande número de organizações humanitárias -- e provocou a deslocação de 2,5 milhões pessoas, de acordo com a ONU, .
O Sudão, que em 2019 emergiu de 30 anos de ditadura militar islâmica, assistiu em outubro a um golpe militar, que interrompeu um processo para estabelecer um governo civil, aprofundando a crise económica.
Nas primeiras horas de 25 de outubro último, os militares, liderados pelo tenente-general Abdel Fattah al-Burhan, presidente do Conselho Soberano - órgão governativo composto por civis e militares - prenderam vários ministros, bem como outros funcionários e líderes políticos, incluindo o primeiro-ministro Abdalla Hamdok, que viria a ser reinstalado no cargo depois de uma forte pressão internacional.
O golpe fez descarrilar o processo de transição, que vinha a progredir aos solavancos desde o derrube do ditador Omar al-Bashir, numa revolta popular em abril de 2019, e aconteceu poucas semanas antes de Al-Burhan dever entregar a liderança do Conselho Soberano, o mais alto órgão executivo no Sudão no quadro do processo de transição, a um civil.
O Sudão, que enfrentava há anos duros problemas económicos, incluindo a escassez generalizada de bens essenciais e o aumento dos preços do pão e outros produtos básicos, tem vindo a sofrer a intensificação dessas dificuldades económicas, em resultado da suspensão da assistência económica por parte dos governos e organizações internacionais após o golpe militar.
O vazio de segurança no Darfur agudizado pelo golpe militar levou a um ressurgimento da violência, segundo vários especialistas, incluindo pilhagem de instalações de assistência humanitária das Nações Unidas, lutas tribais, ataques armados e violações.
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